“São os gestores de FUNDOS DE INVESTIMENTO de acções capazes de antecipar os movimentos do mercado?”

Se há dias convidámos o leitor a espreitar alguns ensaios do Banco de Portugal, hoje damos destaque a um estudo muito recente publicado no sítio da CMVM (cujas conclusões não reflectem necessariamente a opinião formal do regulador como se sublinha no corpo do texto) que procura responder à pergunta do título deste artigo, no fundo saber se há algum ganho associado à gestão profissional de fundos de investimento (market timming) para os respectivos investidores nos fundos e, se sim, em que condições e em que fundos. Este estudo surge aliás, em linha com o que destacámos também recentemente no artigo “ETF: um “robot” que rende mais do que um gestor especializado?“.

Sem prejuízo de recomendarmos a leitura integral do artigo (clique aqui) eis um excerto das conclusões:

” (…) Os fundos domiciliados em Portugal mostram uma fraca capacidade de anteciparem as flutuações de mercado, dado que 93,0% dos fundos de acções portugueses parecem apostar em acções mais «defensivas» em períodos bull market e em acções mais «agressivas» em bear market. Uma análise multivariada permitiu concluir, porém, que os fundos de investimento com maior propensão para antecipar as flutuações de mercado são fundos domiciliados nos EUA, na França e na Alemanha e os que têm por política o investimento em acções de mercados emergentes, da Ásia e da América do Norte.
De forma inovadora relativamente à literatura analisada, o presente estudo revela que existem ainda outros factores que parecem condicionar a capacidade de ajustamento das carteiras dos fundos de acções ao ciclo de mercado. Entre esses factores sobressaem a idade do fundo, o risco sistemático, o risco específico, a dimensão do fundo e o número de fundos sob gestão da sociedade gestora. A idade do fundo e o número de fundos sob gestão da sociedade gestora revelam, em certa medida, a experiencia dos gestores da carteira do fundo, pelo que se conclui que a experiência parece influenciar positivamente a capacidade de antecipar as flutuações de mercado. Já em relação ao risco assumido pelos gestores do fundo, a evidência sugere que os fundos que exibem maior risco sistemático têm menor capacidade de se ajustarem ao ciclo de mercado, contrariamente ao que sucede com os fundos que exibem maior risco específico.
Adicionalmente, testou-se a inserção duma variável representativa do número de diferentes tipos de fundos geridos por uma mesma sociedade, com o objectivo de testar a eventual existência de associação entre a diversificação da gestão e o indicador de market timing. O coeficiente não se revelou estatisticamente significativo (resultados não reportados). (…)”

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