Uma mentira que está a pegar e a lixar-nos a vida (manual de sobrevivência II)

(continuação daqui) Se o problema é andarmos a pedir dinheiro ao estrangeiro a preços cada vez mais incomportáveis, dava imenso jeito que quem está à rasca pudesse arranjar cá dentro quem emprestasse dinheiro a juros mais em conta. Porque é que alguém haveria de emprestar em tais condições? Bom, se a alternativa for ter de pagar mais impostos no futuro (“empréstimo forçado”) ou, perder o emprego por incumprimento das empresas, talvez comece a ficar motivado pelo assunto. (Muito provavelmente o Estado far-nos-á, neste sentido, uma proposta que não poderemos recusar…)

Ou seja, um nacional, poderá, neste contexto, ter razões redobradas para aplicar a sua poupança e o seu consumo em Portugal, dentro de fronteiras. Como se, perante uma dificuldade da família em pagar um crédito, todos se juntassem para cumprir o compromisso. Nem a mesada do petiz se salvará no meio do sacrifício, por mais exígua que esta possa parecer. Esta história do rating estar a descer para o Estado Português e para as empresas, leva a aumentar a percepção de colectivo: para o credor, em Portugal, somos quase todos iguais. Como se tivessemos entrado numa singularidade do espaço-tempo na qual as leis da física (a racionalidade) tivessem sido suspensas ou fossem por ora incompreensíveis. Uma mentira dita o número suficiente de vezes, no contexto ideal, pode mesmo pegar e tornar-se realidade. Estamos no limiar de uma situação dessas. O combustível dessa situação é tão só, a desconfiança. (continua aqui)

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