Decrescei e unificai-vos: mais mortos que nados vivos

O INE acabou de divulgar as estimativas demográficas da população com dados relativos ao último ano completo. Em 2007, os óbitos superaram os nascimentos (saldo natural negativo). Fica a singularidade de este fenómeno se repetir 90 anos depois, mas por razões bem diversas: antes um excesso de morte provocado pela gripe espanhola, hoje a influência do fílho único. Mais que um só quase em banda desenhada ou em bonecos.
O relatório e os dados de base estão no sítio do costume.

3 comentários

  1. Como se vê, não é só pela via política, à moda da China, que se impõe a política do filho único. Por cá, as condicionantes económicas, sociais e políticas também acabarm por impor, sem grande surpresa, para quem analisa e conhece um mínimo dos estudos demográficos, a golden child.

    E a verdade é que muito pouco se fez para combater essa tendência, já que as políticas sociais e económicas, das últimas duas décadas, pouco significado tiveram para combater essa tendência.Pior ainda o sistema fiscal desincentivou fortemente e ainda desincentiva o acréscimo das proles familiares.

    E como sabemos um saldo natural negativo é um mau sinal para qualquer sociedade, o declínio pode estar a um passo e a geratricidade pode tornar-se a matriz dominante,a não ser que os fluxos migratórios a consigam mitigar.

    Aumentem-se as clivagens económicas e socais e o quadro ainda poderá ficar pior, vai uma aposta?

  2. Clivagens económicas e sociais? Está a esquecer que é precisamente nas classes mais desfavorecidas que existe maior taxa de natalidade.
    A sociedade está tão materialista e tão egoista que os casais trocam facilmente mais um filho pelo reforço ou manutenção do conforto. Faça-se um inquérito: – um Mercedes CLK ou casa de férias ou mais um filho.
    Ganhavam os Mercedes e as casas de ferias: – vai uma aposta?

  3. Caro
    Loureiro Lucas,

    É indubitavelmente verdade que existe uma maior taxa de natalidade nas classes mais desfavorecidas, mas também com uma tendência declinante, comparativamente com o que se verificava a algumas décadas atrás. E mesmo assim as clivagens aumentam? E esta hein? – como diria o Sr. Fernando Pessa.

    No que toca aos estilos de vida da modernidade, a opção por Mercedes CLK (que não é para todos) ou por uma casa de férias (também não é para todos), em vez de mais um nascimento, torna-se plausível e evidente, para aqueles que tenham algumas condições para tal, face aos valores infundidos e amplamente disseminados, bem como as políticas sociais, económicas e fiscais que também a isso conduziram, por omissão ou por acção.

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