PIB terá de crescer 2,2% em termos homólogos e 1,1% em cadeia no 4º trimestre de 2006

A Lusa fez as contas (via Jornal de Negócios) que por aqui se confirmam com o acrescento da taxa de variação em cadeia.

Precisamos de um crescimento homólogo no 4º trimestre de 2,2% para garantir que se atinja a previsão de 1,4% prevista e hoje reafirmada pelo Ministro das Finanças para o ano completo de 2006.

Acontece que no 4º trimestre não haverá nenhum efeito de base. Por outras palavras, o 3º trimestre de 2005 com o qual se comparou o 3º deste ano (obtendo assim a taxa de variação homóloga), foi muito “fraco” devido à antecipação de compras provocada pelo aumento do IVA. Esta antecipação levou à concentração de consumo privado no 1º semestre de 2005 em prejuizo da evolução do PIB durante, particularmente, o 3º trimestre de 2005. Ou seja, em condições normais (que são as do corrente ano) só se a economia estivesse muito mal é que não teríamos uma crescimento homólogo significativo durante o 3º trimestre. De facto, as coisas não estão muito mal, mas também não estarão muito boas, pois a produção nacional no 3º trimestre foi inferior à registada entre Abril e Junho – a tal taxa de variação em cadeia ligeiramente negativa anunciada pelo INE.

O que esperar do 4º trimestre?

Por um lado, não se adivinha, com um Outono tão chuvoso e com tamanha contenção de investimento público, que, por exemplo, a construção (sector determinante em muitos aspectos para que se possa sair de alguma modorra, à luz da estrutura da nossa economia) dê um contributo significativo, se é que positivo durante o 4º trimestre. Por outro, a menos de uma grande surpresa, não se parece vislubrar uma dinâmica do comércio externo que consiga por si catapultar o PIB para um crescimento tão pujante no 4º trimestre. Os riscos de arrefecimento das exportações são até crescentes com a manutenção continuada de elevadas taxas de câmbio do Euro, particularmente contra o Dólar, moeda que tem registado uma relevância crescente com o incremento recente das exportações para os Estados Unidos. Finalmente, do lado do consumo privado (recorde-se a confirmação das expectativas de aumento das taxas de juro formuladas para o 4º trimestre) poucos anteciparão uma recuperação significativa ao ponto de permitir que se atinja por essa via o ritmo de crescimento necessário.

Desconfio que lá bem no fundo, no fundo, quem conheça os números e um pouco da economia portuguesa, sabe que este 3º trimestre deveria ter corrido muito melhor. Assim, dificilmente se garantirá o crescimento anunciado de 1,4% no final do ano. Dito isto, falta fazer as contas que essas de facto, só se fazem não fim.

Esperemos que o optimismo político contagie os agentes económicos e que a coisa surpreenda pela positiva. Mas por aqui recomenda-se como razoável não embandeirar em arco e ir pondo as barbas de molho.

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