Portugal e arrendamento por regiões em 2019

O INE publica há várias décadas anuários estatísticos regionais e o de 2019 (também conhecido por Retrato Territorial de Portugal) elegeu como um dos seus três temas de referência a diferenciação territorial do mercado de habitação. Nesta que é uma obra monumental de estatística e análise com quase 300 páginas sugerimos, a quem se interessa no tema, focar-se nas páginas 159 e seguintes.

Destacamos logo na abertura estes dois parágrafos do INE:

“O relatório das Nações Unidas (2017) sobre Habitação adequada em Portugal destacava os efeitos do processo de ‘turistificação’,
do arrendamento de curto prazo e dos critérios de elegibilidade do programa “visa gold” na dinâmica do mercado da habitação.
Adicionalmente, o Banco de Portugal (2018) destacava também como fatores que têm contribuído para a subida dos preços da habitação, a recuperação de rendimento das famílias, a redução das taxas de juro nominais do crédito à habitação e o aumento do investimento imobiliário como alternativa aos depósitos a prazo ou a outros ativos financeiros.”

Se a curiosidade for essencialmente a de perceber a fotografia sobre o tema do arrendamento, recomendamos, em particular, as páginas 224 a 243.

O Retrato Territorial de Portugal permite ter uma ideia sobre todo o país e sobre arrendamento por regiões em 2019 mas permite ir bem além disso, oferecendo uma perspetiva integrada de todo o mercado habitacional.

Da leitura destas páginas do anuário torna-se evidente que o próximo recenseamento geral sobre a população e o edificado nacional revelará diferenças substanciais face ao recenseamento de 2011, apresentando um pais que mudou de forma assimétrica e muito diferenciada do ponto de visto regional.

No entanto, até termos esses dados que irão demorar mais alguns anos a ser recolhidos e tratados, o reforço que o INE fez nos últimos anos na recolha de informação anual e infra-anual sobre o mercado habitacional (aquisição e arrendamento) já permitem ter uma imagem clara de algumas dessas modificações fundamentais. Toda esta informação pode e deve servir autarcas, governos e privados a tomar decisões e a melhor organizar o território.

Em jeito de chamariz deixamos aqui dois gráficos presentes no referido anuário estatístico, relativos ao arrendamento por regiões em 2019.

Como se pode ver só por estes dois indicadores, a realidade inter-regional em Portugal é muito diversificada no que concerne ao mercado de arrendamento habitacional e essas diferenças aprofundaram-se nos anos mais recentes, provavelmente a reboque de dinâmicas turísticas e de uma “entrada” das grandes cidades, em especial Lisboa, no mercado habitacional internacional (aumento da procura por não-residentes).

Eis a análise do INE:

No 1º semestre de 2019, o valor mediano das rendas por m2 de novos contratos de arrendamento de alojamentos familiares foi de 5,00 €/m2 , em Portugal. Ao nível regional, a Área Metropolitana de Lisboa (7,54 €/m2 ), a Região Autónoma da Madeira (6,00 €/m2) e o Algarve (5,93 €/m2 ) registaram valores medianos das rendas de novos contratos de arrendamento acima do valor nacional. Em oposição, o menor valor mediano das rendas por m2 de novos contratos de arrendamento registou-se no Alentejo (3,55 €/m2) [Figura III.61].
Entre o 2º semestre de 2017 e o 1º semestre de 2019, verificou-se um crescimento de +13,9% do valor mediano das rendas por m2 de novos contratos de arrendamento, ao nível nacional. A Área Metropolitana de Lisboa destacava se com a taxa de variação das rendas mais elevada, +24,4%, seguida do Algarve e da Região Autónoma da Madeira que registaram +18,6% e +16,5%, respetivamente [Figura III.62].

 

Fonte: INE Clique para aceder à área do INE onde poderá descarregar o documento integral.

 

Os restantes temas desta edição do anuário estatístico são:

  • a diversidade territorial do uso e ocupação do solo,
  • a acessibilidade territorial à educação.

Boas leituras.

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