A questão dos arredondamentos nas prestações do crédito à habitação ainda mexe

Lê-se hoje no Diário Económico: “Bancos arriscam-se a devolver aos clientes 11 anos de arredondamentos”.

Um excerto:

” (…) Os bancos portugueses arriscam-se a devolver elevados montantes cobrados abusivamente nos créditos à habitação através das taxas de arredondamento dos juros que chegavam a atingir um quarto de ponto percentual. Cálculos da Associação Portuguesa de Consumidores e Utilizadores de Produtos Financeiros (Sefin) apontam que as práticas abusivas e ilegais denunciadas em 2006 renderam aos bancos mais de 1.200 milhões de euros entre 1995, data em já tinha sido transposta a directiva comunitária relativa às cláusulas abusivas, e 2007 quando entraram em vigor as novas regras de arredondamento à milésima. Estes montantes poderão vir agora a ser reclamados por milhares de clientes caso o Ministério Público dê seguimento ao pedido da Sefin de declaração da nulidade das disposições contratuais que estipulem arredondamentos em alta inseridas em cláusulas gerais. (…)

Só em 2006, com base em cálculos da Sefin, tendo em conta o número de contratos de crédito à habitação existentes naquele ano, o arredondamento das taxas de juro aplicadas aos empréstimos concedidos pelos bancos em Portugal geraram, pelo menos, um ganho total anual de 73 milhões de euros. Mas só se se tomar em conta um arredondamento mínimo, de um oitavo de ponto percentual. Se o cálculo for feito com base num arredondamento de um quarto de ponto percentual, este ganho “salta” para 198 milhões de euros. Milhões de euros a multiplicar por um período de 11 anos e que poderão ser reclamados por milhares de consumidores. Recorde-se que esta foi a prática seguida em Espanha e que ainda decorre, com muitos milhares de consumidores a exigirem a devolução dos juros pagos em excesso. Em Portugal, os dois maiores bancos – CGD e Millenniumbcp – praticavam arredondamentos de um quarto de ponto percentual nos empréstimos à compra de casa, que representam, cerca de 80% do crédito concedido. De entre as cinco maiores instituições, no BES, Totta e BPI a prática seguida era a de subir a taxa até ao oitavo de ponto percentual acima.

12 comentários

  1. Seria imensamente justo que devolvessem o dinheiro e com juros. Mas até ao lavar do cesto tudo farão para impedir a vindima!

    Há muito que a ética de muitos bancos e banqueiros deixa a desjar …

  2. Deviam ser mesmo obrigados a reembolsar e nao ter que ser o cliente a ter que pedir o reembolso e interpor via judicial.

  3. Qual Tribunal?????
    Os Bancos têem a obrigação de devolver ao milésimo tudo o que roubaram e Juros, que nós pagamos sem dó nem Piedade….

  4. gostaria de saber se esta claudula do reembolso dos juros já se encontra válida e como deveremos de proceder para reaver esse valor.
    obrigada

  5. Um estado democrático saudável obrigaria a banca a devolver o valores cobrados de forma fraudulenta, sem terem os visados de andarem a entupir os tribunais com processos e burocracias. Senão estaremos a ser prejudicados duas vezes, somos roubados e ainda temos que perder tempo e energia que serão mais úteis noutras tarefas…
    Agora é que vamos ver que ESTADO TEMOS……
    A devolução tem de ser um processo automático.

  6. Isto é muito bonito! mas é só conversa.
    Eu mandei uma carta registada ao meu banco (CGD) com as continhas feitas a pedir o reembolso. Julgam que eles devolveram o dinheiro? Claro que não. Mandaram-me uma carta a dizer que não pagavam e eu se quiser que vá para tribunal.

    Eles já sabem que ninguém vai para tribunal por uma questão de 100 ou 200 euros. Escrevi uma queixa no livro de reclamações e até hoje estou à espera que o BPortugal me responda…
    Quanto à DECO que me cobra uma mensalidade de 7.95 €, contactei-os há mais de 1 ano sobre o assunto e dizem que estão a tomar providências em conjunto com outros associados, mas um ano depois ainda não vi resultados alguns.

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