Inflação média anual nos 3,4% – até onde pode ir a inflação em 2022?

Com a estimativa preliminar relativa a maio de 2022, o INE revela uma inflação média anual de 2022 nos 3,4%. Entre abril e maio este valor médio anual, tipicamente um indicador com pequenas oscilações mensais, subiu umas muito expressivas seis décimas sob pressão quer da saída da fórmula de calcula de observações antigas com subidas preços muito baixas, quer da pujança da inflação homóloga de 8,0% apurada em maio.

Olhando com atenção ao detalhe possível, o INE revela ainda que o índice de preços dos produtos energéticos voltou a aumentar a um ritmo maior do que no mês anterior, passando de uma variação homóloga de 26,7% para uma de 27,2% – ainda assim uma aceleração muito menor que a registada nos meses anteriores (entre março e abril a a variação homóloga tinha subido vários pontos num mês de 19,8% para 26,7%).

Até onde pode ir a inflação em 2022??

Para já o limite é incerto pois ainda não estaremos no pico da variação homóloga. O grande indutor de inflação são os produtos energéticos e, por enquanto, apesar de estarem a acelerar menos de mês para mês, continuam a acelerar a um ritmo mais de 3 vezes superior ao da inflação de todo o cabaz de preços no consumidor.

Recapitulando, temos uma inflação média anual nos 3,4% no ano terminado em maio de 2022, uma variação homóloga global de 8,0% no índice de preços do consumidor, uma homóloga dos produtos energéticos de 27,2% e ainda uma homóloga da inflação subjacente (sem produtos alimentares não transformados nem energéticos) nos 5,0%.
Nos próximos meses, mesmo que a grande fonte de indução da subida de preços – os produtos energéticos – possa atingir o seu limite de aceleração e até mesmo começar a crescer mais devagar, a subida de várias décimas na taxa de inflação (variação média anual) em cada mês deverá continuar, levando a inflação a aproximar-se progressivamente da variação homóloga.

Não é crível, nesta fase, que a inflação chegue aos 8% mas a verdade é que o que tem acontecido nos úlimos é compatível com um efeito desfasado de aumento dos preços no resto dos produtos do cabaz de consumo, ou seja, com alguns meses de diferença, há vários setores que estão a aumentar os preços de bens e serviços levando a que a inflação, sem o impacto direto dos energéticos, continue a acelar face ao mês anterior.

A inflação subjecente que, como dissemos, foi de 5,0% em maio, tinha sido de 3,8% em abril, um aumento muito expressivo de 1,2 pontos percentuais em apenas um mês.

Devendo manter-nos prudentes nas projeções, ao final de maio de 2022, parece improvável que a taxa de inflação no final do ano de 2022 se fixe nos 4,0% conforme previsto pelo Banco de Portugal, sendo mais provável que ultrapasse claramente essa fasquia.

Mas… faltam nove meses, o cenário de uma inflação de 4,0% ainda não é impossível.

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