Os maus negócios que vieram dos EUA

Curioso artigo sobre o sistema financeiro, a crise recente e os desafios para o futuro. Recomenda-se a inciados mas com algum esforço é útil a leitura por um público leigo. Assina Hans Werner Sinn presidente do Instituto IFO (um dos mais destacados centros de estudo econímicos e de estatísticas alemães) e foi publicado hoje no Jornal de Negócios: “Títulos pouco fiáveis“.

Um excerto:

“(…) Os Estados Unidos terão de reinventar o seu sistema de financiamento de hipotecas para poderem escapar à armadilha socialista em que caíram. Uma reforma elementar seria obrigar os bancos a reterem nos seus balanços uma determinada proporção dos títulos que emitem. Dessa forma, assumiriam parte das perdas se os títulos não fossem honrados – e, uma vez mais, isso constituiria um poderoso incentivo para se manterem rigorosos padrões de concessão de empréstimos hipotecários.
Uma solução ainda melhor seria adoptar o método europeu: libertarem-se dos empréstimos protegidos pela carência de recursos e desenvolverem um sistema financeiro baseado em obrigações garantidas, tal como as “Pfandbrief” alemãs. Se uma “Pfandbrief” não for honrada, é possível levar a tribunal o banco emitente. E se o banco for à falência, o titular da obrigação garantida pode reivindicar o seu dinheiro directamente junto do proprietário da casa, que não pode escapar ao pagamento através da simples devolução das chaves de casa. E se o proprietário desse bem imobiliário for à falência, a casa pode ser vendida para saldar a dívida.

Desde a sua criação na Prússia, em 1769, no reinado de Frederico, o Grande, nunca uma única “Pfandbrief” entrou em incumprimento. Ao contrário de todo o lixo financeiro proveniente dos Estados Unidos nos últimos anos, as obrigações garantidas oferecem uma segurança digna desse nome.”

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