Para onde vai mesmo o dinheiro dos combustíveis?

Para onde vai mesmo o dinheiro dos combustíveis? Pegando um pouco mais a fundo na matéria que está a ser discutida aqui em baixo, não queria deixar passar a oportunidade de esclarecer algumas barbaridades referidas no artigo do Eduardo Moura.

Vou ser bem explícito. Os dados sobre os PVP (Preços de Venda ao Público) são da DGE, bem como a taxa de ISP por litro de gasolina sem chumbo 95 (pois esta ainda é a mais vendida em Portugal). Atente-se que a taxa de IVA em Janeiro de 2005 era 19%, mas em Julho de 2006 já era 21%.

O preço do barril de crude pode facilmente ser retirado da Internet e a taxa de câmbio euro/dólar é a publicada pelo Banco de Portugal. Os dados relativos a Janeiro de 2007, sendo um mês ainda não terminado, referem-se à média dos dias disponíveis.

Os resultados são os seguintes:


Dinheiro dos combustíveis

 

Ou seja, entre Janeiro de 2005 e Janeiro de 2007, os preços da gasolina IO95 aumentaram 28,8%, devido a um aumento de 18,2% nos impostos e de 51,3% no restante, que inclui o preço da matéria-prima e a margem de refinação.

Naturalmente que a fatia de leão vai para o Estado em impostos, tal como no caso do imposto sobre o tabaco, mas reduzir a responsabilidade do aumento dos combustíveis (relativamente ao preço da matéria-prima) aos impostos, é tremendamente redutor e falacioso.

Cenário bem diferente este, não? E mais não digo.

Editado: quadro substituído por um outro mais detalhado e mais informativo.

13 comentários

  1. Devo-o saudar por este oportuno post. Se se recorda, eu chamei a atenção para a falta de rigor e seriedade do artigo de EM.

    Pelo que vejo no seu quadro, a margem nesse espaço de tempo cresceu 51%, certo?

    Obrigado,

  2. Caro Tundra,

    Sim, tinha visto o seu comentário. Contas muito mal feitas, para não dizer outra coisa, no artigo do EM.

    O que cresceu 51% não é apenas a margem.
    Aquilo que podemos isolar com certeza são os impostos, IVA e ISP, pois as taxas são conhecidas.
    Resta um bolo, que engloba a matéria-prima e a margem de refinação/transporte/comercialização. E esse bolo é que cresce 51%.
    Mas existe informação sobre a evolução do preço da matéria-prima, que terá crescido cerca de 24%. Ou seja, se considerarmos que nada mais entra na equação, a margem pode ter subido ainda mais do que os 51%…

    Outra coisa pouco honesta no artigo é falar no preço do petróleo por litro de combustível produzido. O processo produtivo evolui e a quantidade de petróleo necessário em 2005 para produzir 1lt de gasolina pode diferir do que acontece hoje.

    Cumprimentos,

  3. Agradeço a resposta. O saque então é maior. Porque neste país se pede ofegantemente mais liberlização, menos regulamentação, e em seguida os mercados funcionam como monopólios, mais cruéis e despotas que os monopólios estatais?

    Nota: este post no blog está um pouco “apanhado”, com muito espaço em branco.

    Cumprimentos,

  4. Dois comentários apenas sobre a questão de fundo:

    1) Os dados aqui referidos, concordam com as minhas observações. Basta olhar para o período analisado: Julho 2005 até agora.

    2) A comparação feita Janeiro de 2005 a Janeiro de 2007 não está a considerar a queda acentuada do euro face ao dólar (de 1,33 para 1,18 nos primeiros seis meses de 2005). Como sabemos, os preços que importam são os dos mercados de futuros sobre petróleo e moeda.

  5. Caro Eduardo Moura,

    Em primeiro lugar, devo referir que o preço do barril que figura no quadro inicial está em Euros, reflectindo já variações de câmbio.

    Em segundo lugar, não consigo perceber como é que estes dados concordam com o seu artigo. Estes dados mostram que comparando Janeiro de 2007 com Janeiro de 2005, o grande responsável pelo elevado PVP dos combustíveis são as margens e não os impostos.

    Para que não fiquem dúvidas, vou substituir o quadro inicial por um outro com maior detalhe, que mostra o preço do barril em dólares, em euros e a respectiva taxa de câmbio.
    Calculei também taxas de variação entre os diversos meses apresentados.

    A comparação entre Janeiro de 2007 e Janeiro de 2006 mostra algo de vergonhoso! O PVP da IO95 aumentou 6,4%, em parte explicado pelo aumento de 5% nos impostos, mas sobretudo por um aumento de 8,7% do conjunto Mat.Pri.+Margem. O pior é que, entre esses mesmos dois meses, o preço do barril, EM EUROS, desceu 19,7%. O que terá acontecido à margem?

    Como é isto consistente com o artigo inicial?

  6. Parece-me que esse «copy&paste» é sinal de desespero. Não rebateu com facto nenhum as “certezas” que escreveu no artigo. Aliás, muitos dos artigos ali no JNeg são «copy&paste» de ditames já muito gastos. O JN coloca notícias para analfabetos, e julga que os seus leitores não raciocinam.

  7. Eh pá! Eu em regra gosto de ler o Jornal de Negócios – particularmente a versão on-line com a qual contacto mais amiude. Ainda que também não me poupe à justa crítica. Neste caso, o Eduardo Moura este muito mal mesmo, ainda por cima em editorial. Melhores dias!

  8. No editorial, o EM falam em “18 meses atrás”, isto é, em Junho/julho de 2005 e não em Janeiro de 2005.
    No quadro publicado no post verifica-se que o aumento das demais componentes do preço para além de impostos foi superior a 40% naquele primeiro semestre (de 31,9 para 45,2) e ligeiramente inferior a 7% de Junho de 2005 a Janeiro de 2006.

  9. Falam falam falam e não se vê nada…………

    Será que com tantos economistas neste pais, não haverá nenhum que faça um quadro que analise o valor da materia prima, transformação, impostos com a desvalorização do dolar????

    Será que o preço da transformação aumentou, com tanto aumento de produtividade que se reclama e exige para os lucros astronomicos das empresas?!!

    Ninguem faz contas… os impostos e lucros sao em percentagem. penso eu?!!. Se preço de venda aumenta o valor em euros arrecadado para a mesma percentagem igualmente aumenta…..!? certo…

    Resumido e baralhando …. o consumidor final paga.

    SERÁ QUE NÃO EXISTE NINGUEM QUE FAÇA O MALDITO QUADRO COMPARATIVO DO PREÇO DO CRUDE E DA DESVALORIZAÇÃO DO EURO … SEM “MAS” NEM “PORQUÊS” …NEM AS “CONTIGENCIAS DO MERCADO ESTERNO E A GUERRA NAS ARABIAS”

    O Scolari é que têm razão….. ” e o burro sou eu?!!!!…”

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