Evolução do preço da habitação em Portugal 2010 2025

Nunca o preço das casas tinha subido tanto em Portugal como no 1º trimestre de 2025

Nunca desde, pelo menos 2009, momento em que o INE iniciou a sua série temporal sobre o índice de preços da habitação, o preço das casas tinha subido tanto em Portugal como sucedeu no 1º trimestre de 2025 face a igual período do ano anterior – a variação homóloga.

 

Evolução do preço das casas em Portugal 2010 – 2025

Segundo o INE, o índice de preços da habitação subiu 16,3% nos primeiros três meses do ano de 2025 face aos primeiros três meses de 2024. As habitações registaram um aumento de preços de 17% enquanto as habitações novas aumentaram 14,5%.

No mesmo período, a inflação global em Portugal aumentou em torno dos 2,3%. Ou seja, o preço das casas aumentou 7 vezes mais do que o restante cabaz de preços no consumidor.

Ao mesmo tempo o número de transações aumentou 25% – aqui longe do recorde histórico mas sinalizando-se o quatro trimestre consecutivo de aumento das vendas de habitação.

Este máximo histórico do preço da habitação aconteceu após 46 trimestre consecutivos de aumento dos preços e sucede depois de se ter registado uma desaceleração entre meados de 2022 e meados de 2024.

O gráfico do INE que reproduzimos é muito expressivo da aceleração registada nos últimos trimestres.

Evolução do preço da habitação em Portugal 2010 2025
Dados de Base do INE

 

Causas e efeitos?

Sem um estudo científico  não será possível afirmar com toda a certeza o que justifica este novo período de aceleração de preços, no entanto, é possível recordar alguns eventos que coincidem temporalmente com este período. Desde logo, foram introduzidas políticas de apoio estatal orientado para apoiar a compra de casa pelas famílias. Recorda-se o surgimento de novas isenções do IMT para a compra de primeiras habitações, o surgimento de apoios do Estado nos casos de contratação de empréstimos para compra de habitação. Estas medidas com impacto claro na procura poderão ser parte da justificação para um aumento dos preços pois terão permitido a mais pessoas, num primeiro momento (antes da subida dos preços), entrarem no mercado quando antes lhes era impossível.

Resta saber se com esta aumento continuado e recorde dos preços a própria subida dos preços não eliminou a eficácia desses apoios, pelo menos para as famílias que já tinha dificuldades, no início, para chegar aos valores praticados.

Por outro lado, é preciso recordar que nos últimos trimestres se registou uma inversão rápida da política monetária, com as taxas de juro de referência, utilizadas no crédito à habitação a descerem significativamente. Ou seja, por via do embaratecimento do preço do dinheiro (e da própria valorização do bem imóvel que se quer comprar) criaram-se condições mais fáceis para a contratação de novos créditos o que, por seu lado ,terá induzido mais procura.

Estas várias razões para que a procura aumente sem que, no curto e médio prazo, haja mais oferta de mais habitação (em especial orientada para a classe média) certamente terão tido algum ou mesmo muito impacto no registo histórico que agora se regista.

Leituras complementares

Recomendamos a consulta da informação estatística do INE, bastante mais rica do que a que aqui analisámos.

Sobre um outro olhar sobre este tema recomendamos o artigo: “Habitação: coisas que o Governo ainda não aprendeu” de  no Jornal Público cujo destinatário, apesar do título, cremos se dirige bem para lá do governo do momento.

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