Taxa de Juro Média de Novos Depósitos em abril de 2024 cai para 2,08%

Menos 0,09 pontos percentuais face a março é a diferença identificada nas taxas de juro médias em Portugal para depósitos a prazo. Assim constata-se que a taxa de juro média de novos depósitos em abril de 2024 caiu para 2,08% .

Nos últimos meses, como se pode observar no gráfico do GEE que aqui reproduzimos, Portugal que até tinha taxas de juro médias de novos depósitos a remunerar mais do que Espanha, voltou à sua posição tradicional de taxas de juro de depósitos menos generosas.

Esta realidade contrasta com as taxas de novos empréstimos que se mantém elevadas. Portugal regista um dos maiores diferencias entre as taxas médias de novos depósitos e taxas médias de novos empréstimos.

Em abril de 2024, os juros que se pagam ao banco por um crédito foram, em média, 3,54 pontos percentuais superior aos juros que a banca paga aos aforradores.

Qual foi esse diferencial na Alemanha no mesmo mês?

• 2,98%

E em Espanha?

• 2,53%

Esta situação persistente ao longo dos anos é, na prática, o fator muito importante de perda de competitividade da economia portuguesa.

Qualquer investimento que recorra a crédito bancário em Portugal é muito mais caro do que em Espanha exigindo-se assim ao investimento que produza maior valor só para oferecer o mesmo retorno ao investidor, conseguindo supportar os custos do dinheiro a crédito.

Em Espanha há maior margem pois a banca não captura um valor tão elevado pelo crédito que garante.

Por outro lado, quem poupe e coloque o dinheiro em depósitos tem menores garantias de manter ou aumentar o seu poder de compra atrvés de aplicações em depósitos do que em Espanha ou do que na Alemanha, tendo a banca capacidade de gerir dinheiro alheio com muito menores custos em Portugal do que na Alemanha ou Espanha.

 

Será o risco país?

O juro têm uma componente que remunera o risco. Será o risco de Portugal tão mais elevado do que em Espanha no que diz respeito à Banca e às suas atividades?

Como curiosidade recorda-se que as obrigações do tesouro espanholas a 10 anos, no momento em que escrevemos este artigo, tinham uma yield de 3,252 enquanto as portuguesa tinham uma yield de 3,119.
Este indicador indicia que o risco país de Portugal face à Espanha é menor. Espanha tem de pagar um juro maior nas obrigações de tesouro para obter crédito internacional.
Uma realidade oposta à que vemos nas taxas de juro dos depósitos e do crédito bancário.

Serãos os emrpeários portugueses muito mais arriscados do que o Espanhóis? Temos um problema de iliteracia financeira tão grave que permite aos bancos capturar rendas explorando essa lacuna? Será um problema de falta de desenvolvimento do mercado de capitais que devia ser uma alternativa ao crédito bancário? Haverá limitações à concorrência entre os bancos a operar em Portugal?

Deixamos aqui alguma hipóteses para reflexão sem certezas sobre o fenómeno.