Em poucas palavras: mais PIB e mais inflação em 2022. A escassos dias de se conhecer a proposta de Orçamento do Estado para 2023, o Banco de Portugal fez publicar o seu Boletim Económico do outono de 2022 no qual procede à revisão das projeções económicas para 2022 referentes à economia portuguesa.
No quadro em baixo que extraímos do Boletim Económico, é possível analisar as diferenças entre as projeções feitas pelo Banco em junho de 2022 e as agora atualizadas.
Um das revisões mais significativos terá a ver com o maior otimismo face ao desempenho da economia nacional que deverá fechar o ano a crescer, em termos reais, ou seja, já descontado os efeitos dos preços, a uma taxa de 6,7% quando em junho o Banco de Portugal antecipava 6,3%.
Outras das mudanças evidentes é a que se refere ao valor de fecho previsto para a taxa de inflação em 2022 que passa de 5,9% previstos em junho para os 7,8% previsto em outubro.
Outro dado menos popular nas análises mais comuns, mas especialmente significativo para projetar o futuro é a evolução do investimento medido pela Formação Bruta de Capital Fixo. Neste caso, a revisão é preocupante, pois, ao fim de vários anos de comportamento inepto, este indicador, que se esperava crescer 5,0% este ano, deverá praticamente estagnar, rondando os 0,8% no final do ano. O ano de 2022 passará e pouca da capacidade instalada de gerar riqueza nos setores mais capital intensivo terá sido recuperada.
Do lado positivo, a Balança de Bens e Serviços, no seu conjunto, deverá fechar 2022 muito mais próxima do equilíbrio do que se imaginava há apenas quatro meses. O turismo ainda não será suficiente para compensar as perdas de outros sectores, mas terá sido uma dos principais contribuintes, ao superar as expectativas. Esta Balança que se esperava ter um défice de 3,5% só deverá cair 1,9%.
Finalmente, uma palavra para o emprego que, nesta nova projeção, também supera positivamente as expectativas formuladas em junho.
O Banco de Portugal não avança com novas projeções para 2023 mas antecipa um arrefecimento da economia. Nas palavras do Banco “antecipando-se uma desaceleração significativa face a 2022“.
Uma desaceleração não é, contudo, uma queda, adivinhando-se assim que o Banco de Portugal continua a esperar que a economia cresça, em Portugal, durante o ano de 2023. A última projeção conhecida, do Banco de Portugal, para 2023, aponta para um crescimento de 2,7% (junho de 2022).
Para comparação mais completa, veja aqui as Projeções económicas para 2022 e 2023: Portugal deve crescer mais que a Zona Euro durante próximos dois anos com inflação mais moderada.