Foi divulgado o número de óbitos entre 1 de março e 12 de abril de 2020. Saber qual o impacto direto e indireto do surto do COVID-19 e das medidas e reação social face à pandemia ao nível da evolução global da mortalidade é uma das questões mais recorrentes neste momento. E o Instituto Nacional de Estatística (INE) tem procurado responder a esta pergunta consolidando informação de várias fontes.
Na realidade, o INE está a produzir estatíticas não programadas para auxiliar no acompanhamento do impacto nacional da pandemia de COVID-19. Este exercício foi formalizado com a designação Indicadores de contexto para a pandemia COVID-19 em Portugal. Na prática o INE está a apurar o impacto COVID-19 por concelhos com intervalos de duas semanas.
Os dados das estimativas demográficas do INE e os relatórios informativos da Direção Geral da Saúde são as duas fontes mais relevantes para a análise.
Mais mortos do que em 2019 mas pouco mais do que em 2018
Ponto da Situação a 22 de abril de 2020 com dados até 12 de abril.
Alguns pontos chave em destaque pelo INE:
Número de óbitos entre 1 de março e 12 de abril de 2020 superior ao registado no mesmo período em 2019 e 2018.
O número total preliminar de óbitos ocorridos entre 1 de março e 12 de abril de 2020 é superior em 1 222 relativamente ao número dos registados em igual período em 2019 e superior em 343 casos relativamente ao mesmo período de 2018. A variação positiva relativamente a 2019 resulta sobretudo do acréscimo do número de óbitos em pessoas com 75 e mais anos (+ 1 194).
Em 201 municípios o número de óbitos registados entre 16 de março e 12 de abril foi superior ao valor homólogo de referência
Em 201 dos 308 municípios Portugueses o número de óbitos registados nas últimas quatro semanas (entre 16 de março e 12 de abril de 2020) foi superior ao valor homólogo de referência (média do número de óbitos para o mesmo período em 2018 e 2019). Deste conjunto, destacam-se 56 municípios que registaram valores superiores a 150 óbitos por cada 100 óbitos no período homólogo de referência. Para os restantes 107 municípios (35% do total de municípios) o número de óbitos registados nas últimas quatro semanas foi inferior ao observado no período de referência.
47 municípios com número de casos confirmados com a doença COVID-19 por 10 mil habitantes acima do valor nacional
A 22 de abril de 2020, em Portugal, por cada 10 mil habitantes existiam 21,7 casos confirmados de COVID-19. O número de casos confirmados com a doença COVID-19 por 10 mil habitantes foi acima do valor nacional em 47 municípios. Na região Norte, 33 municípios registaram um valor acima do país, destacando-se o conjunto de municípios contíguos da Área Metropolitana do Porto com mais de 35 casos confirmados por 10 mil habitantes: Valongo, Maia, Gondomar, Matosinhos, Porto, Santo Tirso e Vila Nova de Gaia. Também alguns municípios das regiões Centro (13) e Área Metropolitana de Lisboa
(o município de Lisboa) apresentavam valores acima do valor nacional.
32 municípios registavam simultaneamente um número de casos confirmados por 10 mil habitantes e valores de densidade populacional acima da referência nacional
A figura seguinte ilustra a relação entre a densidade populacional e o número de casos confirmados por 10 mil habitantes para os municípios. Dos 47 municípios com um número de casos confirmados por 10 mil habitantes acima do valor de Portugal, 32 apresentavam também valores de densidade populacional acima da média nacional. Deste conjunto de 32 municípios, destacavam-se, com mais de 50 casos confirmados por 10 mil habitantes, os municípios de Ovar (98,1) na Região de Aveiro, os municípios de Valongo (67,3), Maia (55,1), Gondomar (53,8), Matosinhos (53,1) e Porto (51,5), na Área Metropolitana do Porto, e o município de Braga (51,9) no Cávado. Salienta-se ainda que 181 dos 308 municípios do
país apresentavam um número de casos confirmados por 10 mil habitantes e densidade populacional abaixo da referência nacional.
V.N. Fôz Coa, Ovar e Castro Daire num pouco invejável ranking
Atente-se no gráfico seguinte do INE onde se analisa a mortalidade cruzada com a densidade populacional pré-existente.
O Norte do país é claramente mais afetado, mesmo despistando para a densidade populacional.
O INE irá continuar a acompanhar a evolução deste tema ao longo dos próximos meses.
Não deixe de ler todos os artigos sobre o COVID-19 que temos publicado, muitos deles destacando perguntas e respostas sobre algumas das medidas mais emblemáticas.