Deflação em Portugal: quarto mês consecutivo de queda de preços

A variação homóloga do índice de preços no consumidor foi em maio de 2014 negativa em quatro décimas. Esta é uma das quedas mensais, em valores negativos, mais significativas da história recente e foi suficiente para fazer cair a taxa de inflação (a variação média anual dos preços no consumidor nos últimos 12 meses) para 0,1%. Ou seja, nos últimos 12 meses, o cabaz de compras que o INE considera referencial para acompanhar a despesa dos consumidores em Portugal, praticamente não aumentou de preço. Podemos voltar a falar de deflação em Portugal. Recorde-se que ontem mesmo o Banco de Portugal reviu as suas previsões para a taxa de inflação em Portugal no final do ano de 0,5% para 0,2%. Sublinhe-se que maio é o quatro mês consecutivo em que se regista uma variação homóloga negativa do índice dep reços no consumidor.

Foi, em parte, devido a uma queda global dos preços na Zona Euro no mês de maio que o Banco Central Europeu se decidiu na passada semana (ver “BCE passa a exigir pagamento aos depositantes“) a tomar medidas que visam penalizar a poupança, em favor do consumo e da concessão de crédito (supostamente a atividades produtivas e não indutoras de bolhas especulativas).

Taxa de inflação abril 2014O cenário de deflação ganha assim maior credibilidade e as suas ameaças, particularmente nefastas para os devedores, adensam-se. Vale a pena reler os nossos artigos “Se os preços começarem a descer em vez de subir não é bom?” e “Porque é que a deflação é catastrófica para Portugal?

Eis um excerto:

“Imagine que tinha a certeza absoluta que amanhã tudo estaria um pouco mais barato do que hoje. E imagine que muito provavelmente depois de amanhã tudo estaria ainda um pouco mais barato. Imagine até que seria muito provável que daqui a um ano aquela compra que está a projetar fazer lhe sairia muito mais barata. A deflação é isto; o simétrico da inflação. Se uma subida acentuada e regular dos preços cria um incentivo para não comprar amanhã aquilo que pode comprar hoje, com a deflação sucede o inverso. E, naturalmente, aos poucos, a deflação ir-se-á transmitindo a todos os preços não esquecendo que os salários também são um preço, o preço do trabalho. (…)”

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