Crise "ajuda" portugueses a regressarem à dieta mediterrânica

Segundo os dados hoje divulgados pelo INE relativos à Balança Alimentar 2008 – 2012, a dieta dos portugueses que se afastou do padrão da dieta mediterrânica* entre 1992 e 2006 registou em 2012 o índice de proximidade ao padrão da dieta mais elevado desde 2006, na sequência de uma tendência de seis anos que se intensificou em 2012.

Menos dinheiro para carne, peixe e ovos parece estar a conduzir portugueses para uma dieta mais saudável. Contudo, não é possível por estes dados identificar até que ponto pode também estar a contribuir para fenómenos de privação alimentar graves dados que estamos sempre a analisar valores médios. Mas vamos a mais informação do INE.

O INE apurou que a inflexão da tendência anterior “foi promovida pelo aumento de 2,5% das calorias provenientes dos produtos típicos da Dieta Mediterrânica, principalmente dos cereais, hortícolas e azeite, e pelo decréscimo em 2,3% das calorias provenientes dos restantes produtos, nomeadamente dos laticínios, das carnes, das gorduras animais e das bebidas alcoólicas (excluindo vinho).

Balança alimentar portuguesa
Fonte: INE

Quanto à Balança Alimentar, o INE refere que face ao quinquénio anterior as disponibilidades alimentares per capita aumetnaram 2,1% entre 2008 e 2012 mas sublinha que este ganho se  concnetrou entre 2008 e 2010 dado que em 2001 e 2012 ocorreram “reduções acentuadas das disponibilidades alimentares.” De facto, segundo o INE:

“O ano de 2012 detém os níveis mais baixos de disponibilidades alimentares de carne de bovino dos últimos 10 anos. Seria igualmente necessário recuar 13 anos, para se encontrar um nível semelhante de disponibilidades alimentares de carne de suíno, passando a carne de aves, pela primeira vez de que há registos estatísticos, a garantir a principal disponibilidade de carne em Portugal. Idêntica tendência se verificou com as disponibilidades de frutos, laticínios e pescado, e que revelam em 2012, respetivamente, mínimos de 20, 9 e 8 anos.
Em termos médios, no período 2008-2012, verificaram-se decréscimos de 5,9 Kg de carne/hab, 3,2 Kg de pescado/hab, 7,6 l de vinho/hab (período 2009-2012) e 8,3 l de cerveja/hab, a que se juntam reduções de 4,0% nas disponibilidades de laticínios, 10,6% nos frutos (período 2009-2012). Em contrapartida observaram-se aumentos nos cereais (+2,1%), nos hortícolas (+5,8%) e nos produtos estimulantes (café e sucedâneos, cacau e chocolate, +4%).”

Em termos gerais face ao referencial de uma dieta equilibrada segundo o roda dos alimentos,  os portugueses comem o  “Carne, pescado e ovos” em excesso ainda que, face aos dados mais recentes exista uma tendência acentuada para decréscimo. Também comemos “Óleos e Gorduras” em excesso e registamos consumo deficiente de “Hortícolas”, “Frutos” e “Leguminosas secas”.

O INE conclui que “este desequilíbrio continua a ser potencialmente pouco saudável, com uma predominância de proteínas de origem animal e excesso de gorduras.”

*A Dieta Mediterrânica é considerada património imaterial da humanidade pela UNESCO, à semelhança do Fado.

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