Está em curso um debate sobre o aumento, não aumento ou eventual diminuição do salário mínimo nacional (SMN). Pegamos numa fração da discussão para apresentar um esclarecimento fundado num facto que não temos visto referido e que passa pela ignorância quanto à evolução recente efetiva do SMN.
A última vez que o SMN foi revisto em termos nominais, ou seja, quanto ao dinheiro que é entregue (antes de impostos e outras contribuições) aos trabalhadores, foi em 2011, ano em que passou de €475 para €485. Nesse ano que veio a ter uma inflação de 3,7% o SMN aumentou 2,1%. Desde então manteve-se fixo em termos nominais nos €485 não tendo sequer sido corrigido para as variações da inflação.
Ora assim sendo, em termos práticos e quanto ao que verdadeiramente interessa que é a evolução da capacidade aquisitiva associada ao valor do SMN esta não parou de descer tendo perdido em três anos 5,4% do seu valor real. Em suma, o SMN está a descer ano após ano pelo menos ao ritmo da inflação. Se a inflação servisse de boa aproximação para a evolução dos custos de produção isso significaria que, em termos relativos e face ao resto dos consumos intermédios que qualquer empresa tem de adquirir, todos os salários que não são aumentados pelo menos pelo valor da inflação conduzem a que os custos com pessoal caiam na estrutura de custos das empresas. Gasta-se cada vez menos em salários. É portanto legítimo afirmar o salário mínimo nacional está em queda há pelo menos 3 anos, tendo diminuido 5,4%, movimento que ocorre em simultâneo como sucessivos recordes em alta na taxa de desemprego.
Eu gostaria de saber que empresas pensam competir neste mundo com salários de 500 euros?
Segundo a notícia o salário mínimo está em queda desde 2011, ora segundo eu tenho sentido; só os salários ditos grandes não sentiram tanto a queda, mas todos os outros até aos 1200,00 euros tem estado em queda e de que maneira, para alem de não sofrerem aumento tem sofrido grandes descontos, por isso não é só o salário mínimo, pelo forma como se apresenta a notícia até parece que os outros não tem sofrido na pele os efeitos da crise. Manuel Freitas
A peça é sobre o salário mínimo, logo falámos apenas sobre o salário mínimo que é o mais baixo de todos e que nem por isso deixou de descer significativamente. Os salários ditos altos estão a ser afetados por uma fiscalidade progressiva e também estão a ser fortemente reduzidos. Contudo, menos €10 num salário de €485 têm o potencial de causar muito mais dano do que €100 num salário de €3000.