A CMVM veio ontem divulgar a habitual análise sobre o governo das sociedades cotadas (“Relatório Anual sobre o Governo das Sociedades Cotadas relativo ao exercício de 2010” ). Para manchete dos media foi relevada a questão dos turbo administradores, com o ex-libris de um único administrador ocupar 73 cargos de administração e com 17 a ocuparem entre 550 e 1225 lugares (a CMVM indicou que 17 administradores ocupam pelo menos 30 cargos e no máximo 73, daí o intervalo que calculamos).
Mas tal como destaca Rita Maltez no blogue “Governo das Sociedades” também sublinhamos a análise realizada sobre os auditores externos.
Há pelo menos dois anos que, pela informação reportada pela CMVM, parecem haver indícios claros de alguma (ou muita!) disfuncionalidade.
O nível de concentração é elevadíssimo e a curiosa métrica que apura os honorários por cada euro auditado surge como mais um indicador que provoca estranheza perante a disparidade dos preços relativos cobrados pelas várias auditoras.
Vale a pena passar os olhos pelo relatório e esperar que o próximo consiga encurtar distâncias entre o momento de referência e a sua difusão, ganhando assim acrescida utilidade informativa para os respetivos acionistas.