O Eurostat destaca para título das estimativas do PIB per capita corrigido por paridades de poder de compra a fortíssima disparidade que existe no seio da União Europeia: “GDP per capita in the Member States varied between 43% and 283% of the EU27 average“. O PIB per capita corrigido das paridades de poder de compra permite comparar a riqueza gerada num espaço económico, por residente e corrigida daquilo a que podemos chamar de diferenças do nível de vida. Ora esta estatística agora divulgada diz-nos que nos últimos anos Portugal tem estabilizado em valor em torno dos 80% (81% em 2010) da média da União Europeia fixando-se atrás de todos os outros países da zona euro, na 19ª posição na União Europeia. Ou seja, um residente em Portugal, recebe/gera em média 81% da riqueza que em média é gerada por cada cidadão a União Europeia. Este indicador é habitualmente utilizado para identificar o nível de desenvolvimento nacional e regional no seio da União Europeia, sendo importante para definir a afectação de recursos comunitários no âmbito da coesão, desenvolvimento regional, entre outros. Note-se que uma correcção significativa na população residente (em baixa) que se parece adivinhar com os dados preliminares do Censo 2011 poderá implicar uma revisão em alta deste valor. No final do corrente ano haverá uma revisão desta primeira estimativa.
As paridades de poder de compra procuram identificar um ponderador que possa corrigir as diferenças existentes entre os preços de produtos e serviços similares nos diversos países, permitindo assim, após aplicação aos preços correntes de cada país obter uma unidade monetária teórica equivalente em todos os países comparados. Esta definição é naturalmente grosseira pelo que se recomenda consultar literatura especializada, mas em termos intuitivos podemos dizer que se um carteiro em Portugal ganha 500€ e no Luxemburgo 2000€ (4 vezes mais), para que o carteiro português enfrentasse um nível de vida parecido com o do seu colega luxemburguês os preços no seu mercado local teriam de ser, em média, 4 vezes mais baixos que no Luxemburgo, ou seja de 1/4. Assim se dividir todos os preços do Luxemburgo por ¼, construir um cabaz e o comparar com o cabaz exactamente idêntico existente em Portugal deverei obter o valor 1 (ou 100%) para poder dizer que o nível de vida é idêntico. Caso seja inferior a 1 (ou 100% para o caso de ter construído um índice de base 100%) então isso significa que em termos comparativos, o carteiro português precisaria de mais rendimento para conseguir adquirir a mesma quantidade que o Luxemburguês, ou seja, seria mais pobre (ou menos rico se preferirem).
Eis a definição adoptada pelo Eurostat:
The Purchasing Power Standard (PPS) is an artificial currency unit that eliminates price level differences between countries. Thus one PPS buys the same volume of goods and services in all countries. This unit allows meaningful volume comparisons of economic indicators across countries. Aggregates expressed in PPS are derived by dividing aggregates in current prices and national currency by the respective Purchasing Power Parity (PPP). The level of uncertainty associated with the basic price and national accounts data, and the methods used for compiling PPPs imply that differences between countries that have indices within a close range should not be over-interpreted.