Classe Média - Dados de 2016

"Grande parte da destruição europeia está a beneficiar grandes bancos "

Leitura recomendada: “Os especuladores contra Portugal” – o Editorial de hoje do Jornal de Negócios por Pedro Santos Guerreiro. Um excerto que não dispensa a leitura integral:

“(…)Os Estados Unidos têm fama de uma justiça célere e impiedosa. Mas não a têm para os bancos de investimento, os tais que em 2008 iam acabar, em 2009 tiveram os maiores lucros de sempre e de 2010 saíram a dizerem-se perseguidos. Ontem, a aguardada Comissão de Inquérito da Casa Branca pariu um rato atómico e concluiu que a crise era “evitável”: reguladores, políticos e banqueiros “ignoraram avisos e falharam em questionar, perceber e gerir os riscos crescentes”. Pfff…

Mas espere, a desfaçatez ainda não acabou! Em Davos, um alto responsável do JP Morgan disse ontem que o excesso de regulação está a penalizar a banca, o que prejudica a economia; e outro alto responsável do Goldman Sachs, também a partir de Davos, fez manchete no “Financial Times” avisando que o excesso de regulação vai afastar os riscos para um sector menos regulado, o dos “hedge funds”. Se isto lhe soa a alta finança, esqueça, isto também está a acontecer-lhe a si, caro contribuinte.

Vamos a Portugal: há milhões de euros e de dólares investidos em CDS (seguros de risco) que apostam na quebra de Portugal. Se formos intervencionado pelo FMI, o “rating” é-nos cortado e os CDS disparam até ao planeta Krypton. E muitos dos bancos de investimento que andam a dizer que vamos falir lucrarão milhões. Outro exemplo: as acções do BCP estão ao preço da uva mijona por causa dos resultados, mas o ioiô diário do último ano aconteceu porque esta é acção a mais “shortada” da bolsa portuguesa. E, relembre-se, nunca nada acontece quando bancos como o KBW ou o Macquaire, que prognosticaram o chumbo do BCP e do BPI nos testes de stress do Verão, erram. Mesmo bancos como o Goldman Sachs são hoje “travestis”, funcionam como “hedge funds”, investindo o dinheiro de clientes em seu próprio lucro (no que se chama de “proprietary trading”). E financiados por… – rufe lá os tambores – contribuintes americanos, através de minúsculas taxas de juro do banco central, o Fed. (…)”

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