E que tal taxar um pouco mais os turístas?

Quando há alguns anos fui pela primeira vez a Itália percebi a ingenuidade comercial e hospitalidade diferenciada que nós em Portugal temos vindo a oferecer a quem nos visita. Em Itália (Florença, Veneza, Roma,…) quase todos os actos que se espera que os turístas pratiquem implicavam invariavelmente uma cobrança. Em Portugal nunca vi ninguém exigir pagamentos à entrada para se visitar a nave principal de uma sé catedral ou igreja histórica e alguns dos monumentos nacionais persistem de entrada franca.

Foi já depois do meu primeiro passeio em Itália que se começaram a cobrar visitas ao Castelo de São Jorge para não residentes e foi também depois disso que a nossa capital se assumiu de forma inequívoca como um destino turístico particularmente apatecível em termos internacionais. Progressivamente vamos seguindo os exemplos romanos e de outros pares europeus restringindo as “borlas”.

 Hoje temos o exemplo do bilhete do eléctrico que passou a ter custo diferenciado em Lisboa (significativamente mais caro) se comprado a bordo. Mas lá de fora, de Roma, chega-nos um exemplo mais significativo e que não é aliás novidade noutras cidades europeias de países abastados desde há muitos anos: inicia-se a cobrança de uma taxa municipal indexada a cada noite dormida num dos alojamentos locais (do parque de campismo ao hotel de 5 estrelas). A partir de 2011, ao custo do estabelecimento há que juntar de 2 a 3 euros de taxa para ajudar a suportar a infraestrutura municipal de que os muitos milhões de turístas também usufruem. Provavelmente também por cá, em breve nos aproximaremos desta prática nas zonas de prodomínio do turísmo histórico. Se for bem recebida será sinal de maturidade (e do interesse) da oferta turística mas será também mais um passo no afastamento da ingenuidade comercial e da hospitalidade diferenciada que têm sido (entre outras) uma das nossas marcas distintivas. Em todo o caso, esperemos que haja capacidade para evitar o exagero de outras paragens.

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