A ler o editorial de hoje no Negócios por Helena Garrido “Merkel em deriva populista“. Um excerto:
” (…) Suspender Shengen por causa da imigração do Norte de África faz pior à moeda única do que a dívida de Portugal, Grécia, Espanha e Irlanda juntas, e contribui para adiar ainda mais as igualdades no mercado de trabalho que tanto preocupam Merkel. Não existir um acordo para apoiar de forma credível os países do euro em dificuldades financeiras – em linguagem económica, “afectados por um choque assimétrico” – ameaça mais o euro do que essas questões que fazem as delícias das conversas populistas.
Na frieza dos factos, países como a Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha estão a ser vítimas de um choque assimétrico numa união monetária. As razões que conduziram estes países, e não outros, a esta situação são muitas e variadas, como é de todos os membros do euro a responsabilidade pelo que se passou. Se fosse a Holanda, por exemplo, a enfrentar um choque assimétrico, era assim, com esta racionalidade e sem o populismo de Merkel, que o tema estaria a ser debatido.
Não queremos acreditar que há países no euro que querem recuperar a velha tese de um ministro holandês que, em finais dos anos 90, não queria que os países do Sul da Europa – o clube Med, como lhes chamou – entrassem para o euro. Não queremos acreditar que os planos de ajuda são, afinal, para expulsão do euro. Angela Merkel tem de honrar a memória de Konrad Adenauer e a herança de Helmut Kohl, que ainda esta semana fez avisos sérios. (…)”