Classe Média - Dados de 2016

Um novo Código de Trabalho para “inglês ver” pode não ser um disparate

Não acreditando que seja por via de reformas no Código de Trabalho que se venha a conseguir alterar algo com impacto substancial no destino económico do país, sublinhamos o editorial recente do Jornal de Negócios, “Lei laboral, uma questão de imagem e de igualdade“, em particular, dois parágrafos do texto de Helena Garrido que a seguir se reproduzem, convidando o leitor a ler na íntegra a fonte:

” (…) Temos um mercado praticamente sem regras para os mais jovens e nos sectores onde a concorrência é muito violenta. E um mercado ultra-rígido e desresponsabilizador para os que começaram a trabalhar nos tempos em que o crescimento prometia uma prosperidade sem limites ou que estão nos sectores ligados ao Estado ou protegidos da concorrência. O pior dos mundos é aquele em que vivem os trabalhadores, jovens ou não, qualificados ou não, que trabalham numa empresa privada que vive em ambiente de violenta concorrência e excesso de oferta de mão-de-obra.
A rapidez com que aumentou o desemprego nesta crise é bem reveladora da flexibilidade do mercado de trabalho. A segmentação desse aumento expõe também uma prática multidimensional – a lei não é igual para todos. E toda esta realidade leva a admitir que uma das mais graves consequências na aplicação da lei está na equidade e não na eficiência.  (…)”

Nesta prosa Helena Garrido ensaia uma pouco relevada justificação para que se liberalize na lei o que já está liberalizado de facto: a vantagem dupla de termos uma lei mais equilibrada para todos e formalmente agradável aos espectadores externos. Dá que pensar e convém pensar mesmo antes de um superfícial aqui d’el rei que vão flexibilizar o código de trabalho. E por pensar não queremos dizer aceitar que se transforme o perene em temporário e o estável em precário. Há mais caminhos entre o preto e o branco como alguns empresários e trabalhadores já o conseguiram demonstrar, aqui bem perto num país chamado Portugal.

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