As projeções económicas para 2022 e 2023 feitas pelo Banco de Portugal em junho de 2022 no seu Boletim Económico (pdf), confrontadas com as mais recentes da Comissão Europeia, revelam que Portugal deverá crescer mais que a Zona Euro em 2022 e em 2023 registando uma taxa de inflação mais moderada do que a média dos países do Euro.
Nas suas projeções de junho de 2022, o Banco de Portugal apresenta uma forte revisão de vários dos indicadores ainda que, a expectativas para o que resta do ano de 2022 ainda por decorrer, aponte mais para uma estagnação que não compromete o crescimento já registado e o forte de efeito de base relacionado com 2021, ou seja, 2022 terminará com um crescimento muito expressivo de 6,3%.
O ano de 2023 deverá registar um crescimento ainda expressivo de 2,6% (acima dos 2,1% projetados para a Zona Euro pela Comissão Europeia). Em 2024, necessariamente a mais instável das projeções, antecipação um crescimento praticamente idêntico entre Portugal (2,0%) e a Zona Euro (2,1%).
Quanto à taxa de inflação…
Um dos indicadores mais relevante na atual conjuntura é a taxa de inflação, em particular, o índice harminizado de preços no consumidor que está especialmente desenhado para facilitar comparações internacionais dentro da Zona Euro.
As projeções apontam para um forte crescimento deste indicador em Portugal, fixando-se nos 5,9% em 2022 e em 2,7% em 2023.
Para a Zona Euro a inflação deverá fixar-se num patamar mais elevado: 6,8% em 2022 e 3,5% em 2023. Recorde-se a este propósito o nosso artigo recente “Até onde pode ir a inflação em 2022?“.
Estas novas projeções do Banco de Portugal apontam no mesmo sentido de que a inflação fechará 2022 num patamar muito superior ao projetado aquado da recente programação do Orçamento do Estado para 2022, havendo instituições, como a OCDE, que apostam num valor ainda superior aos 5,9% do Banco de Portugal.
Na realidade a OCDE prevê inflação de 6,3% (veja aqui mais detalhes das previsões da OCDE para Portugal).
Regressando ao Boletim Económico do Banco de Portugal, as primeiras projeções para 2024 revelam uma forte aproximação com a previsão para Portugal a apontar para 2,0% e para a Zona Euro nos 2,1%.
No quadro em baixo, extraído do sítio do Banco de Portugal é possível analisar mais uma conjunto de indicadores. Destacamos que uma parte importante da convergência entre a economia Portuguesa e da Zona Euro se centrará num maior crescimento do investimento, mas também do consumo privado e público. As exportações, em especial das dos serviços deverão contribuir igualmente de forma mais decisiva em Portugal com crescimentos superiores aos das importações, uma realidade que deverá consolidar-se na segunda metade tanto de 2022 quanto de 2023, “à boleia” do forte crescimento do turismo.
Finalmente, Portugal deverá continuar a registar uma descida progressiva da taxa de desemprego, assim como toda a Zona Euro, mantendo-se o desemprego menos relevante em Portugal do que na média da região.
Estas são projeções feitas num cenário ainda mais desafiante do que o que é habitual, além da ainda patente ameaça de evolução da situação pandémica, decorre na Ucrânia um conflito com forte impacto na economia europeia e mundial de desfecho e duração ainda imprevisível, sendo certo que serão inevitáveis consequências económicas e sociais negativas.
As economias ocidentais mas também as que registam níveis de dependência da economia Ucrâniana e Russa terão que encontrar formas de mitigar os efeitos do conflito focando-se tanto no curto como no médio prazo sob pena de se desencadearem disrupções muito mais significativas.
Os tempos são de incerteza mas também de forte pressão para a ação.