Entre junho de 2022 e setembro de 2022 o índice de preços no consumidor para as despesas com produtos energéticos diminui certa de 10 pontos em termos de variação homóloga, passando de um crescimento de preços de 31,66% em junho de 2022 face a junho de 2021 para 22,23% em setembro de 2022 comparando com setembro de 2021. Na prática, a inflação dos produtos energéticos regista o aumento mais baixo desde março de 2022.
Para referência, no mês de janeiro de 2022, ainda antes de se iniciar a invasão da Ucrânia pela Rússia, esse indicador de inflação, específico para as despesas com produtos energéticos, já estava a acelerar ao ritmo de 12,15%, comportamento que foi exacerbado pela guerra e que atingiu o pico em junho de 2022 com um aumento de 31,66%.
No mês de setembro de 2022, período em que se voltam a bater recordes históricos de inflação desde inícios dos anos 90 (inflação homóloga de 9,3% e variação média anual de 6,0%), a classe de despesa os produtos energéticos surge assim a confirmar-se em contra-corrente a desacelerar significativamente quando quase tudo o resto continua a acelerar – nomeadamente as despesas com produtos alimentares não transformados, para dar um exemplo especialmente relevante por afetar o consumo de produtos essenciais.
Apesar de surgir quase isolada neste comportamento de desaceleração, é essencial acompanhar de perto esta classe de despesa para procurar identificar momentos de viragem no comportamento da inflação.
Para já, com variações homólogas a rondar os 20% (menos de metade da média europeia, sublinhe-se), os produtos energéticos ainda estão a puxar a inflação geral claramente para cima, mantendo-se como o seu principal motor. Contudo, as perspetivas de arrefecimento da atividade económica global, induzida pela incerteza do conflito militar na Europa e pela política monetária muito restritiva (aumento dos juros e redução das compras de dívida) por parte dos principais bancos centrais estão, entre outros, a ajudar a patrocinar a redução, face aos meses mais recentes, dos custos dos combustíveis, do preço da energia elétrica, o que, com mais algumas indicações relevantes de descida de preços no custo dos fretes do comércio marítimo internacional, leva a que se possa começar a desenhar-se a hipótese deste motor se desligar nos próximos meses.
A situação permanece, no entanto, muito instável. Um inverno especial frio no hemisfério norte ou uma escalada da instabilidade política em alguns dos países fornecedores de combustíveis, poderá reativar este motor rapidamente. Já um inverno especialmente ameno poderá contribuir para uma redução significativa dos preços dos produtos energéticos, aprofundando a tendência que se parece desenhar.
Por outro lado, uma política monetária excessivamente restritiva, que falhe um sempre complicado equilíbrio, poderá provocar uma forte crise económica com impacto inevitável na queda dos preços, do emprego e do bem-estar social.
Admitindo que o inverno seja relativamente ameno e que não se materializem os riscos acima referidos, será especialmente relevante estar atento então a outras classes de despesas, no sentido de perceber até que ponto a pressão inflacionista se manterá, quando o preço da energia deixar de ser o motor que tem sido.
Até que ponto outras classes de despesa substituirão este motor mantendo a inflação, certamente não nos níveis atuais, acima dos 10% em vários países europeus, mas claramente acima dos 2% de forma duradoura?
As perspetivas são realmente pouco animadores, em especial as altas taxas de juro que provocarão uma alavancagem significativa nos compromissos imobiliários e tal impacto se deve às políticas de Know How desprezíveis e medíocres que nos habituou o BCE com taxas de juro negativas ao longo de 10 anos, tal habituação terá agora os seus negativos impactos, a juntar à inflação galopante e seguramente a uma recessão e aumento do desemprego. E com um Euro fraco as compras não melhoram, tudo consequências de politicas monetárias rascas da Sra: Lagarde e seus acólitos.