Por cada €100 de compras ao exterior vendemos em julho de 2016 € 88,9. Por outras palavras, a taxa de cobertura das importações pelas exportações foi de 88,9% em julho de 2016. Este é o valor mais elevado desde pelo menos janeiro de 2014, considerando a série divulgada pelo INE na base de dados que acompanhou a difusão da destaque sobre Estatísticas do Comércio Internacional (julho de 2016).
Este resultado traduziu-se numa redução do défice comercial em € 174 milhões face a igual período de 2015 e num aumento da taxa de cobertura de 2,4 pontos percentuais comprovando a taxa de cobertura em máximos desde 2014 (pelo menos).
O cenário ideal não seria contudo este em que o maior equilíbrio da balança comercial de bens se fizesse por via de uma contração das importações maior do que a das exportações mas é isso que está a suceder.
Há cerca de um ano e meio que não se registava uma queda tão acentuada das compras de bens ao exterior e há cerca de dois anos que não vendíamos tão pouco ao exterior. Os dados divulgados pelo INE relativos a julho de 2016 revelam uma queda das importações de 7,2% face a igual período de 2015 e uma queda das importações de 4,6%.
Esta evolução continua, contudo, a ser dual, no sentido em que as relações comerciais com países que não pertencem à União Europeia é muito diferente do que sucede no comércio intracomunitário. O que se escreveu em agosto de 2016 continua assim a manter-se válido quanto às diferenças de sinal: “Exportações crescem para dentro da UE e caem para fora“. Mais uma vez, as exportações para a União Europeia registaram um ligeiro aumento em julho tendo as importações com origem fora da União caído cinco vezes mais (-18,5%) do que as oriundas da União Europeia (-3,7%).
Eis o parágrafo do INE sobre este ponto:
Em julho de 2016, em termos das variações homólogas mensais, as exportações decresceram 4,6% (-1,5% em junho de 2016), em resultado da redução de 18,5% registada no Comércio Extra-UE (-14,8% em junho de 2016), dado que as exportações Intra-UE aumentaram 0,8% (+3,6% em junho de 2016). As importações diminuíram 7,2% (-0,5% em junho de 2016), sobretudo devido à diminuição de 18,5% registada nas importações Extra-UE (-2,4% em junho de 2016).
Para esta evolução contribuíram, mais uma vez, os comportamentos registados em países como Angola, Estados Unidos e China:
“As exportações diminuíram 39,9% para Angola, 22,6% para os Estados Unidos e 29,6% para a China.”
No caso da quedas das importações, desta vez, além dos suspeitos do costume, a Espanha merece também um destaque:
“Nas importações, verifica-se que Espanha foi o país que mais contribuiu para a redução global das importações em julho de 2016, tendo atingido uma variação homóloga de -5,7%. De salientar ainda os decréscimos nas importações de Angola (-54,7%) e dos Estados Unidos (-23,4%), face ao mesmo mês de 2015.”
Considerando as grandes categorias económicas, além da situação nos combustíveis, em boa parte justificada pela queda dos preços cujo efeito de base se deverá esgotar em breve, surge um outro sinal, este mais preocupante, que revela um arrefecimento da atividade industrial a nível interno e externo, um arrefecimento que justifica a contração quer das exportações, quer das importações de Fornecimentos industriais (-8,4% e -9,2% respetivamente).
Note-se que em termos nominais, esta evolução no comércio internacional acabará por se refletir positivamente no andamento do PIB português em virtude de uma redução do desequilíbrio externo, em termos homólogos.
Acompanhe mais artigos sobre este tema em Estatísticas do Comércio Internacional.
E se os merceeios passassem a importar menos, e podiam fazer isso sem esforço, podemos ter a certeza que a nossa balança era sempre positiva. Mas esta ideia e maluca. Eles como bons patriotas até pagam os impostos no estrangeiro. Portanto, para eles está em primeiro lugar a sua carteira do que as contas do País. Alguém tem dúvidas?