A CMVM acaba de divulgar o Relatório anual de atividade de capital de risco – 2014 no qual analisa vários aspetos relacionados com as sociedades e investimentos correlacionados com o capital de risco em Portugal. O referido relatório tem enfoque:
- nos indicadores do valor do capital de risco nacional (valores sob gestão do setor, ativos sob gestão, valor da atividade, valor do investimento e valor líquido global dos fundos);
- nas quotas de mercado dos diferentes operadores de capital de risco nacional;
- no tipo de investimentos realizados;
- nos setores de atividade e as fases de investimento em que os operadores têm alocado os recursos;
- na evolução das carteiras dos diferentes instrumentos de capital de risco em termos de investimento líquido e de rotação de carteiras;
- nas estratégias de desinvestimento levadas a cabo pelo capital de risco;
- na detenção de capital social nas empresas participadas
- e na avaliação das carteiras de investimentos.
Eis as principais conclusões destacadas pela CMVM:
O valor sob gestão do setor do capital de risco manteve a tendência de crescimento verificada em anos anteriores, tendo no final do ano atingido os €3,5 mil milhões.
O número de empresas objeto de investimento pelo capital de risco diminuiu face ao ano anterior. Tal deveu-se sobretudo à redução do valor direcionado para empresas não residentes, contrariamente ao sucedido com empresas residentes, cujo valor dos ativos afetos a participações sociais (sociedades anónimas e por quotas) aumentou.
A rubrica de outros investimentos, em linha com anos anteriores, apresenta um peso significativo nos ativos sob gestão dos operadores de capital de risco. Esta situação é sintomática de que, como já se referiu em relatórios similares em anos anteriores, com frequência, a atuação dos operadores de mercado é mais próxima da atividade bancária (concessão de crédito) do que é característico do capital de risco, isto é, titularidade de direitos residuais de controlo e assunção de riscos acionistas.
A carteira dos operadores de capital de risco manteve a concentração num reduzido número de participações, continuando o setor a ser heterogéneo em termos de sociedades, fundos e participações.
Os investimentos do capital de risco foram dirigidos fundamentalmente para sociedades gestoras de participação social não financeiras e para empresas da indústria transformadora. Os operadores de capital de risco continuavam a ter em carteira um valor significativo dos seus investimentos em setores em que o valor acrescentado bruto por trabalhador é inferior à média nacional, privilegiando investimentos em setores menos propensos à geração de elevado valor acrescentado.
Em 2014, assistiu-se a uma ligeira diminuição do domínio acionista do capital de risco nas empresas participadas tendo em conta o número de total de participações, mas a um ganho quando considerado o valor total das mesmas.
A atividade de venture capital teve menor peso relativo que a de private equity. Por outro lado, o setor do capital de risco continua a não introduzir novas empresas no mercado de capitais. Quando avaliadas as operações de desinvestimento com base no valor de aquisição, apenas uma em cada cinco operações produziu mais-valia e cerca de metade registaram menos valias. O montante das menos-valias foi quase duplo do das mais-valias.
Tal como no ano transato, quer as SCR quer os FCR apresentam menos-valias potenciais, a que não será alheia a envolvente macroeconómica adversa, ou ainda um grande peso do investimento novo feito nos últimos anos e que só a médio ou longo prazo gerará resultados positivos.