Os meses sucedem-se, a recessão técnica já lá vai há alguns trimestres, a economia cresce largamente sustentada pelo consumo que por sua vez é dinamizado por uma muito ligeira recuperação do rendimento das famílias, pela descida das taxas de juro e consequente facilitação do acesso ao crédito e pelo esmagamento histórico da poupança. E, contudo, nunca houve tanto crédito em incumprimento como em agosto de 2015. Os recordes históricos negativos associados ao crédito mal parado teimam em repetir-se quase todos os meses. Mesmo que admitíssemos que o atual crescimento económico (de cerca de 1,5%) fosse sustentável a prazo (o que é discutível), esta realidade no crédito mal parado de famílias e empresa indicia que há uma dualidade na economia portuguesa com largas fatias da população (famílias) e das empresas a subsistirem fortemente condicionadas e com enormes dificuldades.
Em agosto, segundo o Banco de Portugal, o crédito mal parado combinado de famílias e empresas superou os €19 mil milhões levando a que, na prática, por cada €100 de crédito concedido haja €9 em incumprimento (9,29% em agosto subindo de 9,15% em julho).
O crescimento do mal parado foi particularmente intensa entre o crédito concedido às empresas que passou de € 13.467 milhões em julho (15,92%) para €13.736 milhões em agosto (16,29%). Entre as famílias o valor estabilizou neste período.
No crédito à habitação, a taxa de mal parado aumentou ligeiramente, atingindo os 2,56%. Recorde-se que neste tipo de crédito a base de crédito tem vindo a aumentar com um aumento da concessão de novos créditos.