Olhando para (algumas) das nossas análises e comparando as nossas tabelas com as atualizações mensais da informação sobre as centenas de depósitos a prazo em oferta em Portugal, o leitor poderia ficar completamente certo quanto à evidência de que as taxas de juros dos depósitos estão em queda. Afinal o BCE até já começou a aplicar taxas negativas aos bancos que lá depositam dinheiro!
Contudo, há margem para dúvida. Por exemplo, a reação do BCE passa muito por tentar que as taxas de juro reais de quem decide estacionar o dinheiro nos bancos diminua para que haja mais incentivos a aplicar o dinheiro noutros investimentos, de preferência, em investimento que gerem crescimento económico e emprego.
Confuso? Não fique. Imagine que coloca o dinheiro no banco a uma taxa de juro de 0% (sim, zero por cento) durante um ano. E imagine que durante esse ano os preços no consumidor em vez de subirem como é habitual, caem, por exemplo, 2%. No final do ano, quando fosse levantar o dinheiro, o valor real (medido pela capacidade de adquirir bens e serviços, ou seja, consumo) teria subido 2%, ou seja, na exata medida em que os preços teria descido. Fica estranho, não é?
Imagine então que em vez de ter um juro de 0%, o banco lhe oferece um juro de 2%. Mas imagine também que a inflação provoca uma subida dos preços de 1%. Qual o valor real do seu dinheiro volvido o ano em que este depositado? Bom, receberá 2% de juro, mas entretanto como os preços subiram 1%, o seu ganho de poder de compra associado a essa poupança será de 2% (de juros) – 1% (de inflação) ou seja, um valor líquido de 1% (antes de impostos que não estamos a considerar aqui).
Se comparar os dois casos verá que a conta feita é sempre a mesma. Estamos a passar dos juros nominais (a taxa inscrita no depósito) para os juros reais (descontados do encarecimento dos preços ou acrescentados da descida dos preços caso seja essa a evolução dos preços).
Depois de tudo isto, em que ficamos? Os juros estão a descer ou não? Em termos nominais sim, mas em termos reais é mais difícil dizer. É que a inflação tem descido rapidamente nos últimos meses e a previsão para o fim do ano de 2014 feita pelo Banco de Portugal é agora de que seja de apenas 0,2%. Se olharmos para os últimos quatro meses de dados do INE, então aí descobrimos que podemos muito bem vir a ter deflação pois há quatro meses consecutivos que os preços estão mais baixos do que no mesmo período de 2013.
Resumindo e concluindo: a descida das taxas de juro, a existir, não é de todo tão significativa quanto pode parecer se compararmos apenas as taxas nominais oferecidas pelos bancos. Depois de descontada a redução da inflação e considerando o potencial cenário de descida de preços, investir em depósitos a prazo continua claramente a oferecer um ganho de poder de compra e, em relação a alguns depósitos com as taxas mais estáveis nos últimos meses, o retorno real está mesmo a subir.
O que fazer? Consultar a nossa base de dados e escolher a melhor opção. Se não quiser explorar o nosso excel ou a listagem global, pode também consultar as páginas organizadas por maturidades que estão disponíveis no Melhores Depósitos a Prazo:
- Depósitos a prazo a 3 meses
- Depósitos a prazo a 6 meses
- Depósitos a prazo a 1 ano
- Depósitos a prazo a 2 e mais anos
E bons negócios!