População em privação material aumenta de 21,8% para 25,5% em apenas um ano

População em privação material aumenta de 21,8% para 25,5% em apenas um ano. Os INE dos países europeus definiram 9 indicadores básicos sobre as condições de vida das famílias para avaliarem o seu grau de privação material. Este indicador é uma taxa de pobreza alternativa e complementar à pobreza monetária, o indicador relativo mais citado e usado como referência.

Note-se que na pobreza relativa uma oscilação abrupta do rendimento que se recebe em cada ano pode enviar uma família para a pobreza enquanto na pobreza segundo as condições de vida (ou privação material), o capital acumulado em anos anteriores pode continuar a garantir acesso a todos ou parte dos 9 item de privação identificados. Em certa medida também pode suceder o oposto: uma família conseguir aumentar significativamente o seu rendimento num dado ano mas ainda não ter o suficiente para resolver os problemas de privação material acumulados durante anos, por exemplo, os que dependem de bens duradouros como a casa e suas características, eletrodomésticos, etc.

Estes indicadores de privação dão assim uma perspetiva do problema da pobreza menos dependente do rendimento imediato e mais fundado no histórico de acumulação de riqueza do agregado familiar. E o que nos dizem os números mais recentes sobre Portugal?

Entre 2011 e 2012, a privação material (ausência de acesso a pelo menos 3 dos 9 itens de privação) aumentou de forma recorde, passando dos 21,9% para os 25,5%.

A privação material severa que mede as famílias que não têm acesso a pelo menos 4 dos 9 itens passou dos 8,6% em 2011 para os 10,9% em 2012.

Vejamos agora alguns detalhes citando o INE:

“(…) De entre os itens que concorrem para o cálculo da privação material, destaca-se que:

  • 59,8% das pessoas viviam em agregados sem capacidade para pagar uma semana de férias por ano fora de casa;

  • 43,2% das pessoas viviam em agregados sem capacidade para assegurar o pagamento imediato, sem recorrer a empréstimo, de uma despesa inesperada próxima do valor mensal da linha de pobreza; e

  • 28,0% das pessoas viviam em agregados sem capacidade para manter a casa adequadamente aquecida. (…)”

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