Dívida soberana da periferia europeia: a dívida soberana irlandesa a cinco anos está hoje a negociar em mercado secundário a taxas de juro inferiores (abaixo dos 2%) às exigidas à dívida soberana do Reino Unido e dos Estados Unidos da América. Simultaneamente, a taxa de juro da dívida pública portuguesa a 10 anos desce de forma consistente abaixo dos 5% pela primeira vez em três anos (desde agosto de 2010).
Desde o início do ano que o “estado de espírito” do mercado em relação à dívida soberana de, pelo menos estes dois países da periferia, tem conduzido a uma muito rápida descida do custo, induzindo ganhos muito significativos aos investidores que atualmente detêm títulos da dívida destes países. Apesar de reconhecidamente as agências de rating estarem a reagir e não a antecipar o perfil de risco das dívidas soberanas, as indicações de reconhecimento de que está na altura de proceder a revisões em alta dos ratings irlandeses e, a médio prazo, portugueses, estão a ser apontadas como fatores que estão, senão a impulsionar, pelo menos a reforçar o movimento de descida dos juros.
O ritmo de queda é inusitado e difícil de explicar que insistirmos em confrontar as reações de mercado com os fundamentais económicos dos ativos subjacentes. Em todo o caso, a manter-se esta tendência, em breve passará a ser muito interessante aos estados soberanos regressarem ao mercado da dívida para refinanciarem as respetivas contas públicas.