Pela primeira vez na história da zona euro, um dos seus membros foi forçado a cortar os depósitos a prazo dos depositantes em valores que oscilam entre 6,75% (depósitos inferiores a €100.000) e os 9,9% aplicável aos restantes. Um haircut nos depósitos.
Foi o que aconteceu em Chipre este fim-de-semana. As corridas às caixas de multibanco por parte da população revelaram-se inúteis.
O que significa esta medida? Pode vir a aplicar-se em outros países aflitos? Será ‘apenas’ uma solução para uma situação absolutamente singular ou uma nova forma patrocinada pela União Europeia para ‘resolver’ crises financeiras?
Vai haver uma corrida aos bancos em Portugal, Espanha, Itália e Grécia ou esta medida contribuirá para afastar um pouco mais a perceção de que há ainda um risco sistémico a ameaçar a União Europeia e a Zona Euro em particular?
Recomendamos a leitura de “Cyprus Depositor Tax: Genius Plan or the End of the Euro?” pelo destacado economista irlandês Karl Whelan à revista Forbes.
Destacamos o remate final:
“(…) Even if we get through the next week without panic, my gut feeling is that this decision is a bad one and the Europeans should have chosen from the other two options on the table. Over the longer-term, I doubt if financial stability in the euro area (and the continued existence of the euro) is compatible with a policy framework that doesn’t protect the savings of ordinary depositors.”
ADENDA: durante o dia de domingo surgiram relatos de que estariam em curso negociações ao nível dos escalões e das taxas de corte dos depósitos a prazo. Nada que se espere altere o fundamental da questão.
Bom dia. O que eu gostava mesmo de saber, e confio que o Economia e Finanças o dirá a seu tempo, é se estas taxas cipriotas incidem apenas sobre Depósitos a Prazo ou se confiscam igualmente Fundos, Acções e aplicações similares. Obrigado.
Para já o que tem estado em cima da mesa são os depósitos a prazo.
Bom dia. Gostaria que me informassem se o limite, eventualmente isento, de 100.000 euros, é por conta bancária, por banco, ou acumulado em todas as contas de um dado aforrador. Obrigado.
Referindo-me exclusivamente à garantia de depósitos e atendendo a que houve um esforço de harmonização recente na UE, que há garantia de €100.000 sobre titular em cada banco. Ou seja por cada banco onde tenha depósitos o aforrador tem até €100.000 garantidos. Mas esta questão em Chipre é outra coisa, estamos perante um imposto e, até ao momento não temos indicação de qual será a fórmula de cálculo/critério a aplicar.