Às vezes apetece-nos “cascar” em blogues vizinhos que não demonstram ter o mínimo de escrúpulos para com os seus leitores impingindo-lhes recomendações e sugestões (das quais recebem comissão) sem fazerem essa declaração de interesses. É a selva poderíamos pensar. Mas depois, num dia em que uma certa empresa enche os espaços publicitários com a sua campanha e encontramos um artigo que nos leva a uma cascata deles como estes que se seguem, ficamos a matutar (por ordem cronológica inversa):
- De hoje às 11:27 “Inscrições no maior jogo de bolsa da Europa abrem hoje”
- De hoje às 8:17 “Inscrições no maior jogo de bolsa da Europa abrem hoje“
- De ontem: “Seja o próximo excêntrico da bolsa“
- De dia 8: “Como investir no jogo que lhe oferece um milhão de euros“
- De dia 7: “Como investir no jogo que lhe oferece um milhão de euros“
- De dia 6: “Como investir no jogo que lhe oferece um milhão de euros“
- De dia 5: “Como investir no jogo que lhe oferece um milhão de euros“
- Ou ainda de dia 4: “Jogo de Bolsa premeia vencedor com 1 milhão de euros“
A fonte para estes dados é o RSS Feed do Diário Económico. Pelo que vimos, em nenhum destes múltiplos artigos surge a indicação de existir um relação promocional ou de publicidade. Ver este tipo de situações num jornal de referência que não se apresenta como publicidade, julgo que muito naturalmente nos incomoda enquanto leitores. Se calhar estamos a ser muito… puritanos, mas parece mesmo publicidade, não parece?
É, no mínimo, legítimo ter imensas dúvidas sobre se o que estamos a ler é uma notícia ou publicidade encapotada ou, numa espécie de meio termo que serve para tudo, talvez uma nota de imprensa que se transformou num artigo de imprensa num puro acto de copia e cola. Seja como for, ao pé disto, o pobre blogger pouco escrupuloso está longe de ser aquele que pode provocar maior dano.
Nós continuaremos a nossa política de total transparência discriminando a publicidade ou os potenciais conflitos de interesse sempre que eles existam e deixando ao leitor o critério de avaliar a credibilidade das nossas opiniões devidamente balizado. Se encontrar por aqui alguma referência a marcas ou produtos (e encontra, quase todos os dias) sem a indicação de que podemos ganhar algo com essa referência, é porque não podemos, nem fomos pagos para isso. As excepções serão sempre assinaladas.
De caminho deixamos o alerta aos nossos leitores, até porque amiúde recomendamos artigos do Diário Económico. Sendo certo que não temos condições de comprovar o conflito de interesses, passaremos a ler e a recomendar com particular cautela os artigos deste jornal. Tratamento que destinaremos a qualquer outro que tenha comportamento igualmente suspeito e de que nos chegue disso nota. Afinal, não é só em política que o que parece é. Seja com “dolo”, seja por incúria, é de ficar de pé atrás.