Wolfgang Münchau publicou ontem no Finantial Times um artigo inteiramente alinhado com as críticas e sugestões tipicamente provenientes de economistas como Paul Krugman, Wolfgang Münchau não é contudo um economista “engajado” com a defesa de uma teoria económica particular, também por isso o que ele escreve (hoje na tradução do Diário Económico) devia despertar a atenção de quem habitualmente faz tábua rasa do que diz a “oposição”, basta que se tivesse tento no que diz a razão. Eis um excerto que não dispensa, de todo, a leitura integral de “ FT: O pior da crise do euro ainda está para vir”:
” (…) E o que dizer da política orçamental? O mínimo que deveríamos esperar era que a zona euro abandonasse todos os programas de austeridade com efeitos imediatos e voltar a uma posição neutra do ponto de vista orçamental. Mas até agora uma mudança como esta nem consta da agenda. E como é típico na zona euro, cada país comporta-se como uma qualquer pequena economia aberta no outro extremo do mundo. Cada um acha que as suas acções não afectarão os demais.
Mas quando a França, Espanha e Itália contaram as suas posições orçamentais ao mesmo tempo, juntamente com a Grécia, Portugal e Irlanda, o resultado é uma contracção orçamental coordenada. Apesar de alguns destes países terem um problema orçamental, a zona euro no seu todo não. O rácio da sua dívida face ao PIB é mais baixo do que o dos EUA, Reino Unido ou Japão. Se a zona euro tive passado para uma união orçamental há alguns anos atrás, o seu ministro das Finanças estaria agora em posição de agir. Em vez disso, o actual sistema de políticas não coordenadas conduziu a uma austeridade contagiosa e um abrandamento contagioso.
Isto porque, enquanto não houver união orçamental, os Estados membros da zona euro não terão outra opção que não seja coordenarem-se entre si. Eu iria mais longe e defenderia um estímulo orçamental na Alemanha, Holanda e Finlândia para compensar a austeridade no Sul da Europa. O que importa é a posição orçamental da zona euro no seu todo. Existe ainda pouco reconhecimento nas capitais da zona euro de que o abrandamento económico constitui uma ameaça à existência da mesma. E acho que este abrandamento económico vai atingir fortemente a zona euro sem que esta se possa defender. E quando isso acontecer, a crise da zona euro vai acentuar-se e as coisas vão ficar muito feias.”