O Jornal de Negócios não esperou pela divulgação dos relatórios e contas e relatório de Governo das Sociedades de todas as empresas de direito português cotadas na Euronext Lisboa (pouco menos de 50), nem tãopouco esperou pelos dados das 20 do PSI 20 e começou a fazer contas com as 16 (ou 17?) já conhecidas. Os detalhes estão na edição em papel de hoje mas fica aqui um parágrafo interessante divulgado como aperitivo no online:
“(…) Cada trabalhador das 17 empresas em análise recebeu, em média, 39 mil euros ilíquidos no ano passado, valor que se pode traduzir num ordenado bruto mensal de 2,8 mil euros. O seu salário anual médio é 18 vezes inferior à remuneração de um administrador executivo das cotadas, que ganhou, em média, 706 mil euros no ano passado, valor que corresponde a uma média mensal bruta superior a 50 mil euros. (…) Se a remuneração considerada for a do presidente executivo, o número de anos aumentaria para 26.”
Um leque salarial medio de 26 vezes é algo que merece reflexão – particularmente tendo por limite inferior um valor bem acima do salário médio nacional. Não há ninguém que se lembre da Finlância ou da Suécia por estes dias?
Não tenho palavras cordatas e não ofensivas para comentar valores tão díspares entre o vencimento de um executivo top e a média do salário de um trabalhador qualificado (digamos a meio da tabelas) nas empresas cotadas na Bolsa.
O Governo PS tão rigoroso na contenção do défice, congelando os salários dos funcionários públicos não tuge nem muge perante estas discrepâncias. Pudera quanto maior for o salário, mais desconta para o IRS. Mas pode acontecer que o feitiço se vire contra o feiticeiro e o IRS desses senhores de altos cargos, não chegue a entrar nos cofres do Estado. Não é Sr. António Carrapatoso em que o Fisco deixou prescrever o IRS em dívida de milhões de euros!!!
Eu não acredito nem um bocadinho na seriedade e honestidade desses gestores. Só gostam de olhar para a sua barriga e não têm capacidade de ver o que acontece à sua volta. Cada vez mais o rei vai nu neste país.
Sr. Sócrates (efectivamente não sei se é engenheiro), mas para o caso tb não interessa, por que razão não aplica aos membros do seu Governo uma redução de 20 % aos vencimentos de todos os membros do seu Governo para dar o exemplo da famigerada contenção. Não acha que o apertar do cinto deve ser para todos. Pelo menos seria mais honesto de sua parte. Note-se que esta medida já foi aplicada em um ou dois países da C.E….