A ler: “COM AMIGOS COMO ESTES, QUEM PRECISA DO FMI?“. Eis um excerto generoso que não dispensa a leitura integral, em particular a citação do Wall Strett Journal… Escreve Álvaro Santos Ferreira:
“Olivier Blanchard, o economista-chefe do FMI, já veio a público defender que os juros do resgate português deviam ser mais baixos dos que foram oferecidos à Irlanda. Blanchard também defendeu que o prazo de financiamento concedido para o pagamento da dívida associada ao plano de resgate devia ser suficientemente alargado para que o longo ajustamento da economia portuguesa possa ser feito sem demasiadas convulsões sociais e económicas. Por outras palavras, e por incrível que isso possa parecer a muita gente, o FMI está a tentar defender-nos das condições draconianas que foram aplicadas à Grécia e à Irlanda e que, mais cedo ou mais tarde, decerto conduzirão estes países ao incumprimento. Ou seja, a história repete-se. Vale a pena lembrar que nos resgates gregos e irlandeses (principalmente o grego), o FMI teve uma posição semelhante. Quem foi contra a concessão de taxas de juros mais vantajosas e de prazos mais alargados foram os outros países europeus (por causa do chamado “moral hazard”, ou seja, a ideia de que os países endividados não podem ser recompensados, sob pena de que, no futuro, outros países poderão ser tentados a seguir as mesmas políticas irresponsáveis, pois sabem que, no final, irão ser resgatados com condições muito favoráveis). E é muito provável que os nossos parceiros europeus tentem aplicar os mesmos princípios no resgate português. É a solidariedade europeia no seu melhor. Ajudam-se os bancos alemães e franceses (e espanhóis, no nosso caso) a evitarem as consequências mais danosas de uma excessiva exposição aos activos tóxicos das dívidas públicas dos países da periferia europeia, enquanto as populações destes países europeus têm de suportar o custo total da desmesurada expansão do crédito que caracterizou a última década. Com amigos assim, quem precisa de diabolizar o FMI? (…)”