Há 8 anos que o Estado não pagava tão caro pelo dinheiro que pede emprestado. A notícia é de quarta-feira e refere-se à emissão de 3 mil milhões de euros em obrigações do tesouro que o Estado português levou ao mercado. A taxa de juro final para remunerar os obrigacionistas que se mantenham titulares das respectivas obrigações durante os 10 anos de duração do empréstimo é de 4,823% ao ano.
A CGD hoje admite como referencial de taxa fixa a 10 anos para um crédito à habitação um valor na ordem dos 3,65% aos quais adiciona um spread que poderá começar, na melhor das hipóteses, nos 0,8% não devendo o valor médio fugir muito das redondezas do ponto percentual. Ainda assim uma taxa final cobrada inferior à que o Estado ontem aceitou pagar aos financiadores institucionais. Se a CGD se financiar a taxas próximas das obtidas ontem pelo Estado português, dificilmente poderá manter esta oferta, pois se ofizesse ou não teria qualquer proveito ou teria mesmo prejuízo.
Mas um banco, pode sempre procurar captar aforro junto dos seus clientes, a preços mais baixos. E você, aforrador, onde acha que conseguirá encontrar uma aplicação de baixo risco cuja remuneração se aproxime mais destes valores? Não será seguramente nos certificados de aforro; terá um pouco mais de sorte em alguns bancos. Aliás, foi junto a eles que os portugueses deixaram grande parte do acréscimo de poupança que realizaram em 2009.
Olhando para os produtos referidos e realidades constatadas, há margem quanto baste no diferencial de taxas para acomodar variantes ao nível da maturidade e liquidez. Reforça-se a curiosidade quanto às já anunciadas Obrigações da dívida pública que pela primeira vez serão vendidas na banca de retalho aos portugueses singulares (recorde aqui: “Obrigações da dívida pública para particulares – novidade em breve?“).