PPR – Planos Poupança Reforma ou como perder poder de compra de forma garantida?

Os PPR são uma forma garantida de perder poder de compra? Nem sempre mas quase sempre. É essa uma das principais conclusões que podemos extrair após lermos a peça “São mais de 1.000 os PPR no mercado e quase todos são incapazes de bater a inflação” do jornal ECO.

Nesta peça analizam-se tanto as centenas de PPR que já não admitem novas subscrições como os 207 PPR que estão em comercialização.

As conclusões, sejam numa perspetiva a 3,5, 10 ou 20 são tudo menos animadoras quando se testam as rentabilidade destes fundos face ao objetivo mínimo de procurar garantir que a poupança neles colocada retém o poder de compra.

 

PPR = perder poder de compra?

Muito poucos PPR conseguem garantir que, pelo menos, conseguem proteger a poupança da inflação. A falha é recorrente e não melhora quando se alarga o intervalo temporal da análise.

A agravar esta situação, o ECO destaca que muitos destes fundos/planos de poupança cobram comissões elevadas (de subscrição, gestão, resgate, etc), chegando a remunerar melhor quem os gere do que os próprios investidores. No entanto, talvez fruto do chamariz do benefício fiscal da redução à cabeça do IRS a pagar, estes produtos são muitos populares, havendo cerca de 2 milhões de subscritores em Portugal.

Da análise resulta que se confirma uma das premissas dos investimentos em mercados de capitais: com tempo e maior risco, há maior probabilidade de melhores retornos, mas mesmo os PPR mais arriscados ficam aquém de desempenhos brilhantes.

Num dos parágrafos mais significativos da peça destaca-se o fracasso da esmagadora maioria dos PPR em baterem a inflação a 5 e a 10 anos:

Nos últimos cinco anos, por exemplo, e considerando apenas os PPR atualmente em comercialização, apenas 15% dos produtos foi capaz de superar a inflação, que situou-se nos 3,26% por ano neste período. A mesma “taxa de sucesso” obtém-se quando se analisa os últimos dez anos, com os PPR atualmente disponíveis para subscrição (quer seja sob a forma de seguros, fundos de pensões ou fundos de investimento) a registarem uma rendibilidade anualizada de somente 1,03% na última década, contra uma taxa de inflação média de 2%.

Uma situação que é ainda pior se a análise se centrar apenas nos últimos três. Se alargarmos ao análise a 20 anos a situação melhora mas mesmo assim, um em cada três PPR terá perdido dinheiro, havendo muito a comparar mal com os próprios certificados de aforro (indexados à euribor a 3 meses à qual se somam prémios de permanência progressivos com o passar dos anos até à maturidade a 15 anos).

Ainda assim, nem todos os PPR são iguais é há alguns que registam um desempenho mais rentável (brevemente analisados no referido artigo do ECO), destacando-se que é possível, a qualquer investidor, pedir a transferência do seu valor de aforro de um PPR para outro PPR, em busca de melhores retornos.

Fica a ressalva de que nos PPR de capital garantido, a transferência incorre numa penalização de 0,5% do valor mobilizado. Nos restantes, a transferência é gratuita.

Bons negócios!

Um comentário

  1. Os PPR são um boa forma de ganharem dividendos com dinheiro alheio, e tudo se deve à ingenuidade ignorância e ausência de literacia financeira e graças a tal esses fundos se aproveitam. Not with my money.

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