Preço do Bilhete de Alta Velocidade Lisboa – Porto

Qual será o preço do Bilhete de Alta Velocidade Lisboa – Porto? Apesar de ainda ser necessário esperar alguns anos até termos pelo menos o primeiro troço de alta velocidade da linha Lisboa-Porto operacional, a verdade é que não será necessário olhar para muito longe para termos informação relevante que nos permita estimar com segurança qual será o intervalo de preço de uma viagem. Em Espanha encontramos uma viagem com muita oferta competitiva entre Madrid e Saragoça que tem uma distância semelhante à de Lisboa e Porto. Vamos usar esses preços como referência neste artigo.

Mas antes disso convém rever alguma informação sobre como evoluirá a primeira grande ligação por alta velocidade em Portugal.

Quando o primeiro troço estiver concluído entre Porto e Soure (nunca antes de 2028) a viagem global desde Lisboa Oriente até Porto Campanhã deverá passar de 3h05 para 2h. Ainda assim quase metade do percurso far-se-á em linha convencional até de completar o resto da linha.

Com a conclusão dos troços restantes (nomeadamente Soure – Carregado, nunca antes de 2030), a viagem encurtará quase mais uma hora e deverá demorar 1h20 podendo acrescentar cerca de 10 minutos por cada paragem intermédia que seja feita entre Lisboa e Porto.

 

Características fundamentais da ligação Lisboa – Porto

Teremos, portanto, uma viagem:

  • de cerca de 275 km;
  • entre o centro de Lisboa e o centro do Porto;
  • com um tempo de viagem de cerca de 1h20;
  • com uma procura projetada de elevada intensidade, bem superior há que se projeta, por exemplo, para uma ligação Lisboa – Madrid.

A ligação poderá ainda ter paragens, pelo menos para alguns comboios, em Leiria e/ou Coimbra e/ou Aveiro e/ou Gaia (mais 7 a 10 minutos de viagem por cada paragem extra).

Preço do Bilhete de Alta Velocidade Lisboa - Porto
Fonte: IP Traçado entre Carregado e Lisboa será revisto face ao presente nesta imagem, para passar no Aeroporto Internacional de Lisboa em Alcochete, entrando o comboio em Lisboa pela Ponte Barreiro – Chelas.

Quem irá operar a linha?

A linha terá de estar disponível para exploração em mercado competitivo. Sabemos que a CP será uma das mais prováveis empresas com oferta de Alta Velocidade mas deverá haver operadores privados a competir. Para já, manifestaram interesse os seguintes:

  • CP (Portugal – Público);
  • Renfe (Espanha – Público)
  • Iryo (Itália / Espanha – Público e Privado),
  • B-Rail (Portugal – Privado)

Em Espanha há, neste momento, em especial em troços com densidade de procura semelhante à que se espera para Lisboa – Porto, vários operadores e ofertas low cost (que incluem uma empresa low cost da própria empresa pública espanhola).

 

Como estimar o preço do Bilhete de Alta Velocidade Lisboa – Porto?

Conhecidas as características da linha e do serviço, a melhor opção para encontrarmos uma boa estimativa para o preço desse bilhete é olharmos para Espanha e, em particular, para ligação com serviço semelhante.

Encontrámos, por exemplo, as ligações regulares entre Madrid e Saragoça.

Esta ligação cobre 273 km por linha férrea numa viagem que demora cerca de 1h20m. Praticamente idêntico ao que teremos em Lisboa – Porto quer em extensão do trajeto quer em tempo de viagem.

 

E que preço encontramos para a ligação Madrid – Saragoça?

Consultando o sítio trenes.com, que funciona como agregador das várias ofertas dos vários operadores, é possível encontrar preços de viagem que começam nos €18,40 e podem ir, no mesmo dia, para horários diferentes, com garantias diferentes (por exemplo com e sem possibilidade de cancelar viagem) e com serviço premium (por exemplo com refeição incluída) até aos €142.

Simulações feitas para diferentes dias dão resultados ligeiramente diferentes. Há dias de elevada procura (por exemplo, domingo) em que o preço mínimo que encontrámos é de €49 mas a situação não é estável, há forte dinamismo na definição de preços.

No fundo, podemos encontrar um leque variado de preços que pode responder a aspetos como:

  • o nível de procura em cada horário;
  • horário com ligação direta a suburbano;
  • a possibilidade de cancelar ou não a viagem (com reembolso);
  • a possibilidade de mudar o horário;
  • a antecipação da compra de bilhete;
  • a utilização de promoções de última hora;
  • a classe do bilhete e respetivo conforto extra;
  • o nível de entretenimento disponível;
  • a existência de bagagem extra;
  • o tamanho do assento;
  • a disponibilidade de ficha elétrica exclusiva;
  • o transporte de animais de estimação;
  • comboio com destino internacional;
  • a existência de menu refeição, entre outros.

No fundo, há preços dinâmicos, diferentes para níveis de serviço distintos, existindo preços para operadores com elevado nível de serviço e preços para operadores de baixo custo / low cost.

No caso da ligação Madrid – Saragoça identificámos como operadores/serviços de Alta Velocidade:

  • AVE e AVE Internacional
  • Ouigo
  • Iryo
  • Avlo

 

Será a Alta Velocidade mais cara que o Alfa Pendular – quanto custará?

Hoje um bilhete Alfa Intercidades da CP já respeita esta lógica de preços dinâmicos ainda que muito mitigada pela menor disponibilidade de serviços complementares.

Existe um preço padrão de €47,40 para a classe conforto e um preço de €33,90 para a classe turística.

Há também várias modalidades de desconto indexadas a aspetos como a idade, antecedência de compra, bilhetes família e amigos, entre outros. No limite pode ser possível adquirir bilhetes com descontos de 50% face ao preço base, na CP.

Numa futura linha de alta velocidade Lisboa-Porto parece-nos razoável esperar preços muito em linha com os que estão a ser oferecidos na ligação Madrid-Saragoça – que podem começar nos €18,40 mas que mais frequentemente começarão entre os €30 e os €49 (tal como hoje no Alfa Pendular).

Estes preços podem, ainda assim atingir, com cenários de procura elevada e, em particular, com um maior nível de serviço que não está hoje sequer disponível no Alfa Pendular valores máximos de até os €142.

Em suma, não será impossível encontrar preços em linha com os atualmente praticados no Alfa Intercidades (dependendo dos horários e incluindo descontos) mas apontando para um preço médio um pouco acima do preço máximo hoje praticado, ou seja, um pouco acima do €47,40 mais próximos dos €60. Sendo que – e este aspeto não é irrelevante podendo estar a inflacionar um pouco os preços aqui estimados, se os quisermos transpor para Portugal – esta referência se faz usando os dados espanhóis país onde, para um mesmo custo relativo face ao poder de compra, os preços nominais tendem a ser um pouco mais elevados do que em Portugal.

Preços/custos – Exemplos práticos meramente indicativos:

Usando o exemplo de Madrid – Saragoça para simular Lisboa – Porto:

  • É comum poder realizar uma viagem de ida pelas 7h58 da manhã a sair de Madrid que pode custar €59 e fazer-se o regresso pelas 22 horas que pode custar €25. Ou seja, um preço médio de €42, custo total de €84 e tempo total de viagem de 2h40m.
  • Uma viagem de automóvel, a conduzir, terá um custo global de cerca de €65 (com portagens a €23,90 e despesa de combustível de cerca de €42/gasolina), e considerando viagem sem eventos de cerca de 3 horas entre os mesmos destinos. Ou seja, um preço médio de €65, custo total de €130 (sem desgaste do automóvel e despesas fixas) e tempo tal de viagem de 6 horas.
  • Por autocarro o preço médio da viagem ronda os €20 para uma duração mínima de 3h15m. Ou seja, um custo total de €40 para uma duração total da viagem de 6h30m.
  • De avião o preço mínimo ronda os €55 para um preço máximo que pode atingir os €202 com uma duração de viagem de 1h entre o levantar voo e o aterrar, à qual se terá de adicionar o tempo para a chegada ao aeroporto desde o centro das cidades e para o embarque e desembarque. Recorde-se a este propósito que o Aeroporto de Lisboa deverá sair do centro da cidade em tempo aproximado ao da conclusão de todos os troços do comboio de Alta Velocidade.

Note-se por fim que até a Alta Velocidade entrar em operação em Portugal, as viagens de avião (por via de maiores custos de emissão do carbono, entre outros) deverão encarecer significativamente podendo mesmo vir a ser proibidas para distâncias inferiores a 500/600 km. Por outro lado, o uso do transporte não eletrificado também deverá sofrer alterações importantes e não inteiramente antecipáveis.

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