Adeus depósitos a prazo, olá certificados de aforro – versão 2024

Adeus depósitos a prazo, olá certificados de aforro – versão 2024? No momento em que escrevemos este artigo, já só a euribor a 3 meses regista um valor acima de 3% – e por muito pouco: 3,059% a 25 de outubro de 2024. E o ritmo de queda deverá manter-se intenso, principalmente depois de surgirem dados económicos inequivocos de forte abrandamento da atividade económica nas principais economias europeias e de queda significativa e algo inesperada da inflação.

 

Euribor vai acelerar ritmo de queda?

Na arena europeia, os banqueiros centrais avançam com a perspetiva de nova descida das taxas de juro de referência do Banco Central Europeu já em dezembro, estando a discussão centrada, inclusive, numa possível descida mais ambiciosa  – descer 25 ou 50 pontos base?

Com tudo isto, a banca nacional, conhecida por manter uma das maiores diferenças entre as taxas que paga aos depositantes e as taxas que cobra aos investidores/tomadores de crédito, já está a acelerar o ritmo de descida das taxas de juro dos depósitos a prazo.

Dentro de alguns dias, já em pleno mês de novembro, iremos atualizar a nossa base de dados de depósitos a prazo mas podemos antecipar desde já que há vários bancos onde a oferta é substantialmente inferior, em termos de taxas, face ao que ainda consta no nosso excel, atualizado há menos de um mês.

 

A descida dos juros dos depósitos – o exemplo da CGD

A título de exemplo, temos a Caixa Geral de Depósitos ou CGD que, tendo-se destacado por ser, entre os bancos tradicionais, um dos que tem oferecido das melhores taxas de juro, à data de hoje, por um lado, pratica valores claramente inferiores aos do início de outubro e, por outro, complicou o acesso às taxas mais elevadas, criando limiares de depósito mínimo avultados.

Por exemplo, se a 5 de outubro de 2024, um depositante com €500 disponíveis conseguia encontrar um depósito a 6 meses na CGD com taxa de 2,75% TANB. Volvidos 20 dias, com essa poupança, já só encontra um depósito que paga, a 6 meses, 2,25%. Menos 50 pontos base. Para conseguir um juro um pouco melhor (2,5%) terá de efetuar um depósito mínimo de €100.000.

Noutro exemplo, um depósito a 12 meses que remunerava 2,6% TANB com um depósito de €500, passou a remunerar 1,5% ou, na melhor das hipóteses, 1,9% caso contrate um cartão de crédito. Uma queda de 90 a 70 pontos base.

Finalmente, a 3 meses, o depósito a prazo da CGD atualmente em oferta, paga entre 2,6% a 2,75%, com as seguintes exigências em termos de mínimos de depósito:

Até 25.000€ (exclusive) – 2,600%,
De 25.000€ até 50.000€ (exclusive) – 2,650%,
De 50.000€ até 100.000€ (exclusive) – 2,700%
Igual ou superior a 100.000€ – 2,750%

Há 20 dias, a oferta a 3 meses, na CGD, pagava 2,85% bastando um pequeno montante para conseguir garantir esta taxa.

 

O ressurgimento dos certificados de aforro como oferta competitiva

Com estes novos valores, apenas o depósito a 3 meses consegue, marginalmente, remunerar acima de um certificado de aforro que seja constituido agora. A taxa de retorno do certificado de aforro corresponde à euribor a 3 meses, não podendo ser superior a 2,5% e podendo-se-lhe somar os prémios de manutenção. Neste momento, estão a pagar 2,5% no primeiro ano (TANB).

Recorde-se que os certificados de aforro pagam prémio de manutenção a partir do 2º ano com taxas crescentes. Recuperamos a estrutura dos prémios da série F, correntemente em subscrição:

  • 0,25 % – do 2º ao 5º ano;
  • 0,50 % – do 6º ao 9º ano;
  • 1,00 % – no 10º e 11º ano;
  • 1,50 % – no 12º e 13º ano;
  • 1,75% – no 14.º e 15º ano.

Perante este cenário e juntando-lhe a expectativa de evolução dos juros e da euribor a 3 meses, não é difícil antecipar que os certificados de aforro estão a ganhar competitividade, devendo superar o retorno de muitos dos depósitos a prazo em oferta, muito em breve.

O exemplo da CGD é mesmo só isso, um exemplo. Como avançamos no início, durante o mês de novembro iremos atualizar o excel com a nossa base de dados.

3 comentários

  1. É lamentável que a taxa de juro dos certificados não seja equivalente à taxa de inflação. Com as atuais taxas, o aforrista empobrece poupando…

  2. Quer um quer outro, são motivadores de desânimo e desinteresse à promoção de incentivo do aforro e poupança, em Portugal, o Estado em vez melhorar as taxas dos certicados de aforro, preferem pagar taxas em obrigações ao exterior e com saída de divisas do País.

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