Segundo a mais recente revisão dsa projeções económicas para Portugal divulgadas no Boletim Económico de outubro de 2021 (pdf), publicado pelo Banco de Portugal, o PIB irá crescer 4,8% em 2021.
Esta projeção é significativamente mais otimista que a avançada anteriormente pelo Governo em abril (4%) sendo também a mais otimista de entre todas as projeçãos de outras instituições internacionais que acompanham a economia nacional. Sublinha-se também que é, naturalmente, a projeção mais recente, à data em que editamos este artigo, 6 de outubro de 2021.
O Governo, que tem definido apresentar, ao Parlamento, a proposta de Orçamento do Estado para 2022, a 11 de outubro, irá naturalmente atualizar as suas próprias projeções que usará para enquadrar todo o exercício orçamental.
O Banco de Portugal sublinha no seu boletim económico que este crescimento de 4,8% em 2021 irá colocar a economia portuguesa, no final do ano, num patamar muito próximo do que registava antes do início da pandemia, um resultado que, a registar-se, é especialmente significativo, denotando uma recuperação acelerada.
O que justifica o crescimento de 2021?
Entre as razões para esta recuperação rápida o Banco de Portugal destaca, entre outras:
- controlo da pandemia, através do processo de vacinação – com efeitos positivos na confiança dos agentes económicos – e
- a manutenção de políticas económicas expansionistas.
Apesar de o Banco de Portugal não avançar com projeções para além de 2021 neste seu Boletim Económico de Outubro de 2021 procede à revisão de várias grandezas económicas, revendo a forma como acredita se irá compôr o PIB, bem como as estimativas quanto à evolução dos preços (ver quadro em baixo).
De facto, face às projeções anteriores, o Banco de Portugal reconhece que o investimento e as exportações tiveram um papel mais modesto do que o antecipado no crescimento de 2021, sendo essa realidade compensada por um incremento do consumo acima do previsto.
O investimento (Formação Brutal de Capital Fixo) é aliás a componente que mais frustra as expectativas, juntamente como as exportações de bens, não tanto as de serviços. Em sentido oposto, as importações também ficaram muito aquém do antecipado.
Com os dados finais do INE relativos às contas de 2019 e 2020, o Banco de Portugal incorporou revisões em alta para 2019 e em baixa para 2020.
Nota especial para inflação
A inflação foi um dos indicadores que o Banco de Portugal reviu em alta em duas décimas sendo que este crescimento é, no essencial, justificado, pelo aumento muito expressivo nos bens energéticos. Neste momento, o Banco de Portugal antecipa que os preços fecham a aumentar 0,9% face a 2020 sendo que, os dados mais recentes, oficiais, do INE, apontam claramente para uma subida mais acelerada dos preços na reta final do ano, devendo – opinião nossa – as pressões inflacionistas do setor energético manter-se expressivas em 2022.
Emprego em alta
Uma última referência para a evolução do emprego, fracamente favorável.
O saldo da balança corrente e de capital aumenta, situando-se em 1% do PIB, beneficiando da entrada de fundos europeus.
No mercado de trabalho, o emprego aumenta 2,6% e a taxa de desemprego reduz-se para 6,8% (7% em 2020), beneficiando da recuperação dos serviços mais intensivos em trabalho.
in Boletim Económico Outubro de 2021, Banco de Portugal
A imagem em destaque é uma infografia extraída do sítio do Banco de Portugal.