Fortes recuperações seguidas de quedas significativas de produção, têm sido este o andamento na indústria, ao longo dos últimos meses. Analisados os dados do INE sobre a produção industrial de agosto de 2021 e do ano até aí é caso para dizer que temos uma indústria algo “neurótica”. Porquê? Segundo o INE, entre os fatores determinantes encontram-se as perturbações nas cadeias de abastecimento a nível mundial a que se somam (outros) outros efeitos da crise pandémica de 2020.
Perturbações nas cadeias de abastecimento com forte impacto nas maiores indústrias
O tema das perturbações nas cadeias de abastecimento tem mantido a Autoeuropa (a empresa com o título de maior exportador nacional) a laborar aos soluços por falta de componentes eletrónicos para concluir a montagem dos automóveis. Sendo um problema já há muito identificado, a realidade é que a sua solução é complexa. Há muita procura mundial por esses componentes eletrónicos (chips/semi-condutores), procura essa que já estava a aumentar previamente à pandemia e há uma forte concnetração geográfica da sua produção ao alguma localizações na Ásia, não sendo fácil ou rápido aumentar a capacidade produtiva. No fundo, é um problema que não terá ainda fim à vista nos próximos meses pelo que, este sobe e desce da produção poderá prolongar-se.
Quanto à estabilização dos mercados ao nível da procura, talvez as notícias sejam mais animadoras, aliás, haverá mesmo, em alguns sub-setores, um nível de procura historicamente elevado, seja para repor stocks seja para dar vazão a procura adiada ao longo de quase dois anos de pandemia.
Terminamos com os registos fundamentais de agosto de 2021, difundidos pelo INE:
O Índice de Produção Industrial diminui, em termos homólogos, 9,0% (aumento de 0,8% em julho).
Excluindo o agrupamento de Energia esta variação foi de -6,6% (1,2% no mês precedente). A taxa de variação da secção das Indústrias Transformadoras situou-se em -7,1% (0,2% em julho). A variação mensal do índice agregado foi -1,4% (3,7% no mês anterior).
Todos os grandes agrupamentos industriais apresentaram variações homólogas negativas, refletindo, por um lado, a irregularidade na evolução da atividade económica em 2021, influenciada também pelos efeitos da crise pandémica de 2020 e, por outro, contrações expressivas nalgumas atividades, em consequência das perturbações nas cadeias de abastecimento a nível mundial. No entanto, o indicador global reflete comportamentos bastante heterogéneos das diversas atividades económicas, destacando-se as divisões 29 (Fabricação de veícuos automóveis) e 35 (Eletricidade, gás) que, no conjunto, foram responsáveis por 6,7 p.p. dos 9,0% da redução total do índice.
Fonte: INE.