A situação do diferencial de juros cobrados nos empréstimos e pagos nos depósitos não é uma novidade mas merece ser notícia pela durabilidade desta situação. Os anos passam e nada muda: os bancos portugueses continuam a impôr taxas de juros nos empréstimos que conseguem muito superiores às taxas de juro que pagam nos depósitos a prazo que recebem do que os seus pares espanhóis ou alemães.
Diferencial de juros cobrados nos Empréstimos e pagos nos Depósitos
Os dados foram divulgados pelo Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia e Transição e têm por base informação do Banco Central Europeu relativa a julho de 2021.
A informação testemunha que a diferença entre as taxas de juro ativas (as dos empréstimos) e as taxas de juro passivas (as dos depósitos) foi em Portugal de 1,93 pontos percentuais.
Em Espanha essa mesma diferença foi de 1,23 pontos percentuais e, na Alemanha, de 1,26 pontos percentuais. Ou seja, a margem é 53% maior em Portugal face a Espanha e de 57% maior em Portugal face à Alemanha.
Esta é assim uma “comissão” extra que se junta a tantas outras e que não se pode explicar facilmente pelo risco país, ou seja, pelo nível dos juros dado que tanto a taxa dos depósitos quanto a dos empréstimos é suposto incluirem, de algum modo esse impacto.
Uma das explicações para este difrencial poderia advir do caso de haver empréstimos internos muito mais arriscados em Portugal, mas os indicadores de crédito mal parado e a sua evolução ao longo dos anos não parecem suportar esta perenidade num patamar muito elevado da diferença entre margens para estes três países.
Serão os bancos nacionais muito menos eficientes do que os Espanhóis e Alemães?
Teremos um problema de falta de concorrência no setor bancário em Portugal?
Serão os banco portugueses mais rentistas?
Estará o modelo de negócio praticado pelos bancos em Portugal esgotado ou mais esgotado do que entre os seus concorrentes?
A discussão faz sentido e poderá ter várias razões.
A verdade é que esta é uma realidade que reduz a compatitividade das empresas que têm de suportar custos relativos muito maiores e aumenta as dificuldades para as famílias ao terem serviços de intermediação financeira, de crédito ou de poupança muito menos vantajosos do que os à disposição de outros cidadãos da Zona Euro.