Se compararmos a evolução da inflação entre julho de 2018 e julho de 2019 verificamos que os preços do cabaz de bens e serviços usados para calcular o índice de preços no consumidor (IPC) caíram 0,3%.
Há vários anos que não se registava um valor homólogo negativo no IPC e desta vez a queda foi particularmente abrupta (queda de 7 décimas em um mês). Tão abrupta que o impacto na variação média anual do IPC (o indicador mais tradicional da taxa de inflação) se fez sentir com a entrada dos dados de julho de 2019: diminuiu de +0,9% para +0,7%.
O INE identifica os principais “suspeitos” para esta evolução:
“Esta evolução deve-se em grande medida ao contributo da variação negativa dos preços da classe dos Restaurantes e hotéis. As reduções de preços verificadas na classe do Vestuário e calçado, em consequência de uma maior intensidade nas promoções de final de época, e a alteração da taxa de IVA aplicada ao termo fixo das tarifas de eletricidade e gás natural, contribuíram também para a diminuição desta taxa.”
Se em vez do indicador de inflação global analisássemos a inflação subjacente (que se distingue por não incluir produtos alimentares não transformados e energéticos) constatava-se que a queda da inflação teria sido mais modesta (-0,1%). Isto revela que as classes de despesa de produtos alimentares não transformados e energéticos registou quedas de preços acima da média global.
Finalmente, se em vez de considerarmos o IPC centrarmos a análise no IHPC que é um indicador de inflação onde os pesos das classes de despesa estão harmonizados entre os vários países da União Europeia oferecendo assim um indicador mais correto para as comparações entre países membros, constata-se uma queda ainda mais abruptas dos preços: a inflação homóloga caiu 1,7%. No IHPC a componente de Restaurantes e hotéis tem mais peso do que no IPC, o que explica a situação.
A tendência para o resto do ano pode muito bem estar traçada: os preços tenderão a diminuir ou a evoluir num nível muito próximo do zero devendo a taxa de inflação média anual cair, também, para valores próximos de zero. Numa frase: praticamente não haverá inflação em 2019.
As previsões para a taxa de inflação já apresentadas por várias instituições deverão assim vir a ser revistas em baixa significativa. Recorde os artigos sobre esse tema: