As estatísticas do INE sobre as Taxas de Juro Implícitas no Crédito à Habitação referentes ao mês de janeiro de 2018 revelam que a diferença entre os juros de novos créditos à habitação e os do stock acumulado de crédito à habitação ainda em pagamento e contraído ao longo das últimas décadas continua a diminuir, tendo passado de um diferencial de 0,615 pontos percentuais em dezembro de 2017 para um de 0,571.
A manter-se este ritmo, no espaço do um ano as taxas de juro dos novos créditos à habitação contratados nos últimos três meses estariam praticamente em cima da média global do stock de crédito à habitação.
Spread e taxas de juro devem continuar a descer – para já
Com as novas regras mais limitativas na concessão de crédito à habitação que o Banco de Portugal recomendou recentemente – ver artigo “Quais as novas regras dos contratos de crédito à habitação e consumo a partir de julho de 2018” – podemos esperar alguma redução adicional do spread nos novos contratos.
O spread é suposto ser um prémio de risco e se o crédito deixar de ser concedido a alguns clientes bancários que ficariam “com a corda na garganta” em termos de taxa de esforço, prazos, etc, tal como recomenda o Banco de Portugal, deveria ser possível aos bancos emprestarem aos clientes que cumprem com os requisitos de qualidade de crédito a preços mais baixos. Por essa via, é natural que a taxa de juro implícita ainda possa descer nos próximos meses.
Taxas em mínimos históricos
Nunca é demais sublinhar, contudo, que estamos provavelmente no fundo da tabela histórica em termos de taxas de juro no mercado interbancário – por exemplo, na Euribor – taxa que continua a ser muito importante como indexante no crédito à habitação.
A taxa implícita continua a ter como principais componentes o indexante e o spread, mesmo que por estes dias a “taxa fixa” tenha um pouco mais de peso nos novos crédito. Recorde-se que tipicamente a taxa fixa contratado é fixa mas apenas por alguns anos e nunca pelo período completo do crédito, sendo o valor revisto várias vezes ao longo do contrato.
Resto um caminho: subir
Este sublinhado visa alertar para a muito provável pressão que nos próximos anos existirá no sentido da subida da Euribor e demais taxas indexantes, o que a acontecer, levará a uma subida do encargo mensal com os créditos, pois a taxa implícita aumentará. Recorde-se que o Banco central Europeu já iniciou, lentamente, o seu caminho no sentido de caminhar rumo a uma política monetária, para já, menos expansionista. O cenário mais provável é, no entanto, que não se registem subidas dramáticas no próximo par de anos.
Por tudo sito, é muito importante fazer todas as contas, traças todos os cenários e procurar negociar o melhor spread possível. Por prudência e boas finanças, faz todo o sentido fazer aquele esforço extra para ter mais capital próprio para dar como entrada e assim conseguir um melhor spread junto do banco.
Reduza ao mínimo o valor que tem de pedir emprestado
Pedir emprestado a um familiar, amigo, aguardar mais algum tempo para reforçar a poupança a usar como entrada, ou reavaliar uma eventual reserva ou aplicação, tudo isto deve ser ponderado cuidadosamente antes de se assumir um crédito à habitação que pode durar quase até ao final da vida.
Segundo o INE, em janeiro de 2018, a Taxa de Juro Implícita no Crédito à Habitação foi de 1,024% tendo a dos contratos celebrados nos últimos 3 meses atingidos os 1,595%.
O capital médio em dívida foi de €51.728, mais €38 do que em dezembro de 2017. A prestação mensal média foi de €240 subindo para os €307 no novos contratos (celebrados nos últimos 3 meses), o que representou uma descida de €12 face a dezembro.
Bons negócios!