Os preços continuam a subir mas a inflação – que mede o ritmo de subida dos preços – começa o ano de 2018 em queda. Os dados do INE relativos à Estimativa Rápida sobre o Índice de Preços no Consumidor que este indicador registou uma taxa de variação média anual no ano fechado em janeiro de 2018 de 1,3%, menos uma décima do que em dezembro, mês em que ficámos a conhecer o valor final da inflação para 2017.
A taxa de variação homóloga – que compara os últimos dois meses de janeiro – revela uma desaceleração face a dezembro, de 1,5% para 1,1%, desaceleração essa que também aconteceu na taxa de inflação excluindo os produtos alimentares não transformados e produtos energéticos, ainda que de forma menos intensa – passando de 1,2% para 1,0%. Com essa desaceleração mais moderada naquilo que se chama de inflação subjacente, o diferencial face à inflação o geral é agora de apenas uma décima, algo que não acontecia há vários meses (nas estimativas definitivas).
O que provocou a desaceleração da subida dos preços?
Olhando para o detalhe por classe de despesa tornar-se-á mais evidente o que provocou a desaceleração da subida de preços em janeiro de 2018, contudo ,esse detalhe só estará disponível com a estimativa definitiva que o INE irá divulgar a 12 de fevereiro de 2018.
A próxima estimativa rápida (referente ao mês de fevereiro) será divulgada a 28 de fevereiro.
Explicando com um pouco mais de complexidade
A descida da inflação de 1,4% para 1,3% parece pequena, no entanto, tratando-se de um valor médio que, na prática, utiliza informação de 24 meses (12 no numerador e os 12 anteriores no denominador) qualquer mudança tem de se fundar em oscilações significativas, ou no mês mais recente ou no mês que, com o avançar do calendário, foi expulso do calculo da média ou, ainda, de ambos.
No caso, o mês de janeiro de 2018 contribuiu para a inflação com uma variação homóloga de 1,1% o que compara com os 1,5% de dezembro de 2017. Ou seja, o ritmo a que os preços subiram entre janeiro de 2017 e janeiro de 2018 foi mais lento (em quatro décimas) ao que havia sucedido entre dezembro de 2017 e dezembro de 2018. Com a entrada de janeiro de 2018 na variação média anual do IPC, a taxa de variação homóloga entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017 deixou de estar incorporada no indicador. Será que esse facto também contribuiu para a desaceleração da inflação aqui relatada ou, ao contrário, mitigou-a? Deixamos aos leitores mais curiosos e amantes dos números para tirarem teimas consultando a informação histórica divulgada pelo INE.
O que é a Estimativa Rápida da Inflação?
A estimativa rápida sobre o IPC é um novo indicador preliminar que o INE passa a divulgar a partir de janeiro de 2018 em linha com as boias práticas dos seus congéneres europeus e que pretende antecipar em cerca de duas semanas o sentido geral de evolução dos preços no consumidor, recorrendo ao essencial da informação relevante já conhecida nos últimos dias úteis do mês de referência dos dados, no caso de janeiro.
O INE continuará a publicar a estimativa definitiva, tipicamente no 10º dia útil do mês seguinte ao mês de referência, já com toda a informação confirmada, contudo, a diferença entre a estimativa rápida e a definitiva não deverá variar mais do que muito poucas décimas.
Eis o que o INE refere, sumariamente, sobre o assunto neste novo dado que disponibiliza ao público (sublinhado nosso):
“(…) Em linha com a prática de divulgação do Eurostat e de alguns institutos de estatística de Estados-Membros da União Europeia, o INE inicia a publicação de uma estimativa rápida do IPC/IHPC com o objetivo de fornecer uma indicação avançada sobre o comportamento da inflação.
Esta estimativa é apurada com a informação recolhida e já validada até dois dias antes da sua divulgação. Assim, os valores apresentados poderão não coincidir com os dados definitivos, não podendo portanto ser utilizados na atualização de valores no âmbito de contratos ou de processos em contencioso.
Apesar da informação utilizada não corresponder à totalidade da informação a recolher e de não estar inteiramente validada à data da estimativa rápida, os resultados apresentados tenderão a ser próximos dos definitivos, atendendo aos resultados obtidos nos últimos dois anos em que o INE internamente produziu estas estimativas (ver notas explicativas). (…)”