Depois de se terem batido, em alguns casos durante meses sucessivos, os máximos históricos das séries temporais do INE, os indicadores de confianças diminuem, tanto os sectoriais e como os dos consumidores, em agosto de 2017.
De facto, a confiança dos consumidores e o indicador de clima económico (que agrega os indicadores de confiança sectoriais) resvalaram ligeiramente. A grande exceção é o sector da Construção e Obras Públicas (que é também dos que mais distante se encontra ainda do fulgor de outros tempos).
Note-se que as variáveis de base que compõem estes indicadores não medem intensidades mas antes, apuram a diferença entre as opiniões extremas dadas como resposta a perguntas qualitativas feitas a empresários e consumidores. Tipicamente apuram os saldos de respostas extremas, ou seja, a diferença entre quem diz que a situação vai melhorar muito e quem diz que vai piorar muito. Ou que a situação está muito bem versus quem diz que a situação está muito mal.
Esta construção que poderíamos apelidar de grosseira oferece contudo várias vantagens e tem-se provado particularmente útil para se conseguir compreender o sentimento e o andamento da economia. Sendo certo que pouco dizem sobre intensidades pois não são inquéritos que afiram aspetos numéricos, a carácter simples das perguntas e opções de resposta permitem, em cima do momento (veja-se que estes inquéritos nos dão no final de agosto o sentimento registado sobre o que se consegue dizer do presente e do futuro em agosto), qual a tendência prevalecentes em termos de confiança sobre tópicos chave, quer para as famílias, quer para a gestão e organização da produção das empresas.
Terá o clima económico margem para melhorar ainda mais em termos de indicadores de confiança? Ou atingiu-se o topo? E se sim vamos passar os próximos meses com níveis de confiança historicamente altos ou vamos iniciar um movimentos descendente? Em termos históricos, o indicador de clima está apenas ligeiramente aciam da média histórica tendo tido no passado períodos muito mais longos acima dessa mesma média e num patamar muito mais elevado do que o atual pelo que, teoricamente, estamos longe de um máximo potencial (a questão é um pouco mais complexa mas fiquemo-nos por esta apreciação mais simplificada). Contudo, as questões feitas, são perguntas que se levantam naturalmente com esta interrupção/suspensão/soluço nas tendências recentes.
Para já, até pelo detalhe da informação prestado pelo INE estamos em crer que a situação económica deverá permanecer com elevado dinamismo e tendência positiva. Veja-se, por exemplo, que os consumidores estão mais otimistas quanto à evolução da poupança e quanto à situação económica do país ou que os industriais estão mais otimistas quanto à evolução da procura global.
Quanto a agosto destacamos ainda o seguinte, entre o que é referido pelo INE:
A evolução do indicador de confiança dos Consumidores em agosto resultou do contributo negativo do saldo das expectativas relativas à evolução do desemprego e da situação financeira do agregado familiar, tendo as expectativas sobre a evolução da poupança e da situação económica do país contribuído positivamente.
O indicador de confiança da Indústria Transformadora diminuiu em julho e agosto, interrompendo a trajetória positiva iniciada em junho de 2016. No mês de referência, as perspetivas de produção e as opiniões sobre a evolução dos stocks de produtos acabados contribuíram negativamente para o comportamento do indicador, enquanto as opiniões sobre a procura global apresentaram um contributo positivo.
O indicador de confiança da Construção e Obras Públicas aumentou nos últimos oito meses, atingindo o máximo desde setembro de 2002 e refletindo em agosto o contributo positivo das duas componentes, opiniões sobre a carteira de encomendas e perspetivas de emprego, mais expressivo no primeiro caso.
O indicador de confiança do Comércio diminuiu em agosto, em resultado do acentuado contributo negativo das apreciações sobre o volume de vendas, uma vez que as perspetivas de atividade e as opiniões sobre o volume de stocks contribuíram positivamente.
O indicador de confiança dos Serviços diminuiu em agosto, interrompendo o perfil positivo observado desde o final de 2012. No último mês, verificou-se um contributo negativo do saldo das apreciações sobre a atividade da empresa e sobre a evolução da carteira de encomendas, mais intenso no segundo caso, uma vez que as perspetivas sobre a evolução da procura estabilizaram.