Na sequência do upgrade inesperado (ver “O Rating subiu. E agora?“) ainda que há muito justificado por parte da S&P face ao rating da República Portuguesa (ver “Standard & Poor’s: a surpresa que já chega tarde” só para assinantes), as primeiras horas de negociação nos mercados financeiros e de capitais revelam uma evolução consistente com o facto de esta descida não ter sido previamente antecipada pelos mercados. De facto, regista-se o custo da dívida pública com queda expressiva em todos os prazos e o andamento da própria bolsa de valores com um comportamento positivo e acima das suas congéneres.
O custo da dívida pública 10 anos está em mínimos de dezembro de 2015 rondando a yield de 2,525% (já tendo negociado abaixo dos 2,5% durante a manhã de 18 de setembro). Recorde-se que a cotação de fecho na sessão prévia ao anúncio do upgrade havia sido de 2,801%.
A dívida pública 5 anos havia fechado nos 1,189% e durante a sessão de 18 de setembro chegou a cotar nos 1,011% parecendo ter estabilizado em torno de 1,035%.
Note-se que há uma conjunto relevante de investidores que podem agora direcionar parte dos seus investimentos para ativos portugueses, ainda há assim, haverá um contingente importante de investidores com políticas de investimento mais conservadoras (por exemplo, grandes fundos de pensões) que só o poderá fazer se pelo menos duas das três grandes agências de rating colocarem Portugal num patamar de risco compatível com recomendação de investimento. Assim sendo, a S&P foi a primeira das três grandes (a DBRS não entra nestas contas para vários investidores institucionais) pelo que, um eventual upgrade de uma das restantes agências poderá contribuir para um aprofundamento de movimentos de redução do custo da dívida e do seu refinanciamento.
O próximo momento para uma potencial revisão em alta do rating português pelas agências remanescentes será a 15 de dezembro de 20187 (Fitch).