São várias as cadeias de empresa de mediação imobiliária a anunciar publicamente que têm garantias de que vários promotores que nos últimos anos, ou têm estado ausentes, ou se têm concentrado nas reabilitações urbanas, em 2017, irão aumentar significativamente a aposta na construção nova. Lisboa, Porto e as respetivas áreas metropolitanas, em especial, têm, segundo as agências, registado um forte aumento da procura que tem vindo a enfrentar crescentes dificuldades de ser satisfeita exclusivamente pela recuperação urbana e o mercado de usados. Simplesmente não há habitações disponíveis à venda no mercado para a procura existente.
Vários anos de congelamento quase total da construção nova e o surgimento de outros mercados de compradores (associados aos vistos gold, à reduzida rentabilidade dos investimentos alternativos ao imobiliário e não só) e de outros destinos de rentabilização das frações (como o alojamento local associado ao forte crescimento do turismo) terão contribuído para esta assinalável constituição de um elevado volume de procura em várias zonas do país. É hoje comum encontrar zonas do país que até há relativamente pouco tempo tinham excesso de oferta, muito à conta das carteiras imobiliárias das instituições financeiras, agora estarem já a passar por falta de oferta e consequente valorização do edificado. Uma realidade que as estatísticas do INE sobre este mercado têm confirmado ao longo dos últimos trimestres.
A melhoria da economia com um aumento do rendimento disponível por parte das famílias, via aumento do emprego, do salários mínimo e de algum alívio fiscal, por um lado, e a progressiva reentrada da banca no mercado da concessão de crédito imobiliário, por outro lado, estão a criar condições para que os promotores imobiliários que sobreviveram ao período anterior agora diversifiquem os seus investimentos de forma confiante.
Note-se que o impacto de qualquer recuperação neste setor tem habitualmente um reflexo muito relevante no desempenho da atividade económica nacional. Na realidade, os contributos das construção têm sido fortemente negativos nos últimos anos pelo que um recuperação razoável, aliada a um cenário normal da atividade económica na sua componente externa e à confirmação dos vários investimentos significativos já projetados para 2017 poderão levar a que a economia portuguesa venha a ter u mdesempenho acima do que é que hoje projetado por várias instituições nacionais e internacionais. Este é seguramente um tema a acompanhar com especial atenção durante o ano.
Que o regresso ao crédito se faça com um grau de exigência firme (uma entrada razoável por parte do comprador e condigna avaliação de risco de crédito), que o contrato de crédito se baseie numa cultura de informação e consciência financeira, com um mix mais saudável entre taxas de juro fixas, variáveis e spread, que o investimento se faça claramente como resposta a procura confirmada e que o financiamento bancário (para alimentar a concessão de crédito) seja ele próprio fundamentalmente racional e prudente, são aspetos que se desejam para que se evitem erros do passado.