Classe Média - Dados de 2016

Projeções Macroeconómicas para Portugal 2015 a 2017

O Banco de Portugal (BdP) atualizou as projeções macroeconómicas para Portugal 2015 a 2017 com a difusão do boletim económico de outono de 2015. Em termos globais o Banco de Portugal reviu em baixa as previsões de crescimento económico para 2015, para 2016 e para 2017. Para 2015 a redução foi de uma décima (fixando-se agora nos 1,6%) enquanto que para os dois anos seguintes a revisão apontou para menos duas décimas do que o previsto em junho de 2015. Assim, o PIB deverá crescer 1,7% em 2016 e 1,8% em 2017.

 

Projeções macroeconómicas para Portugal 2015 a 2017

Nestas projeções o BdP atualizou também a previsão para a inflação nos três anos. Se para a inflação de 2015 a projeção foi ligeiramente revista em alta, de 0,5% para 0,6%, para 2016 os valores apontam agora para uma subida de preços mais modesta (1,1% quando em junho se antecipava 1,2%). Para o ano de projeção mais longínquo, o BdP espera agora que os preços cresçam a um ritmo mais elevado do que antecipava em junho de 2015: a projeção passou de 1,4% para 1,6%.

O BdP vem ainda reconhecer nestas projeções que a situação da balança corrente e de capital em percentagem do PIB não deverá fechar o ano de 2015 com dados tão benignos quanto os anteriormente antecipados, o mesmo devendo acontecer face às projeções de 2016 e 2017. A expectativa é a de manutenção de um saldo positivo ainda que mais modesto.

Em termos estruturais a situação esperada para 2015 (e anos seguintes) não é agora tão favorável dado que o contributo para o crescimento de PIB líquido de importações (em pontos percentuais) se deverá centrar menos nas exportações do que antecipado. O mesmo deverá suceder em 2016 e em 2017, anos em que procura interna e exportações partilharão contributos praticamente de igual magnitude.

 

Projeções macroeconómicas para Portugal 2015 a 2017
Projeções macroeconómicas para Portugal 2015 a 2017

O Banco de Portugal antecipa que a taxa de câmbio EURUSD se mantenha próximo dos 1,09, que a taxa de juro implícita do stock da dívida pública desça muito ligeiramente, que a EURIBOR a 3 meses se mantenha negativa, pelo menos até 2017 e que o preço do petróleo desça ligeiramente em 2016 (a rondar os €48) para recuperar em 2017 (para cerca de €53 o barril).

Projeções macroeconómicas para Portugal 2015 a 2017
Projeções macroeconómicas para Portugal 2015 a 2017

Note-se que o BdP apenas considerou “as medidas de política já aprovadas ou com elevada probabilidade de aprovação, e especificadas com detalhe suficiente.” Afirmando que “Por não se conhecer o Orçamento de Estado para 2016 à data de fecho destas hipóteses, o presente exercício manteve como pressuposto as medidas incluídas na atualização do Programa de Estabilidade, tal como na projeção publicada no Boletim Económico de junho.

Deixamos aqui de seguida um excerto do BdP sobre o Boletim Económico onde apresenta alguns sublinhados sobre o cenário traçado:

“(…) 2. Ao longo do horizonte projeta-se a continuação de um ritmo de recuperação gradual da atividade económica, refletindo a necessidade de ajustamento adicional dos balanços dos vários agentes económicos, públicos e privados, na sequência da crise financeira internacional e da crise das dívidas soberanas na área do euro.

3. As exportações deverão apresentar um crescimento robusto ao longo do horizonte, reforçando a tendência de transferência de recursos produtivos para os setores da economia mais expostos à concorrência internacional.

4. A procura interna deverá apresentar uma recuperação gradual, compatível com a redução do nível de alavancagem das famílias e empresas não financeiras.

5. Esta projeção encontra-se rodeada de um grau de incerteza particularmente elevado, dado que à data de fecho dos dados não se conhecia informação relativa às medidas de natureza orçamental que serão implementadas nos próximos anos. Os principais fatores de risco são a possibilidade de uma recuperação mais moderada da atividade mundial e dos fluxos de comércio mundiais, em particular nas economias emergentes.

6. A economia portuguesa continua a enfrentar um conjunto de desafios da maior importância. É crucial assegurar um aumento significativo da produtividade, bem como assegurar uma distribuição dos retornos do crescimento económico que contribua para um grau elevado de coesão social. Importa ainda intensificar os progressos observados na correção dos desequilíbrios macroeconómicos acumulados que caracterizam a economia portuguesa.

7. A diminuição sustentada dos níveis de dívida pública e privada são primordiais. Neste sentido, a prossecução no médio prazo de um saldo das contas públicas próximo do equilíbrio, em linha com as regras do quadro orçamental europeu, constitui um objetivo desejável para a economia portuguesa. As atuais condições benignas de financiamento externo representam uma oportunidade para orientar as políticas públicas no sentido de aumentar a resiliência da economia portuguesa para fazer face a choques adversos futuros.  (…)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *