O défice público divulgado pelo INE relativo aos primeiros seis meses do ano revela que o governo gastou em 6 meses verba que tinha para 10 meses. Segundo o INE, se o ano fechasse em junho, o défice seria de 4,7%, um valor muito superior à meta de 2,7% traçada pelo governo. Na prática, o governo já gastou cerca de 84% do orçamento na primeira metade do ano, restando apenas 16% do orçamento para o período entre julho e dezembro de 2015. Caso este desvio se mantenha é natural que haja necessidade para o governo ter de produzir um orçamento retificativo, o que seria o quinto em quatro anos e meio de legislatura.
Recorde-se que este valor do défice agora divulgado se encontra dentro do intervalo estimado pela UTAO, a unidade técnica independente que apoia o parlamento na análise do orçamento do estado. A UTAO, no início de setembro sublinhava que (citada pelo jornal Público):
“Para alcançar a meta anual definida para 2015, seria necessário que no segundo semestre o défice orçamental não excedesse 0,7% do PIB, ou 1,0% do PIB em termos ajustados, um desempenho orçamental que se afigura particularmente exigente e que não encontra paralelo nos resultados orçamentais alcançados em anos anteriores”.
O INE destaca ainda que a capacidade de financiamento da economia portuguesa caiu de 1,9% para 1,3% entre o final de 2014 e o segundo trimestre de 2015. Segundo o INE: “Este comportamento refletiu a diminuição da poupança corrente da economia (variação de -2,0%), determinada por um crescimento do rendimento disponível inferior ao aumento da despesa de consumo final, observando-se ainda um aumento da formação bruta de capital.”
Por setores institucionais, o INE destaca que a ” capacidade de financiamento das Famílias diminuiu para 2,1% do PIB no ano acabado no 2º trimestre de 2015 (menos 0,6 p.p. que no trimestre anterior). A taxa de poupança fixou-se em 5,0% (menos 0,8 p.p. do que no trimestre anterior), traduzindo o maior aumento do consumo privado comparativamente ao do rendimento disponível das Famílias (variações de 1,0% e 0,1%, respetivamente, no ano terminado no 2º trimestre de 2015). “
Pode encontrar mais detalhes no INE.